A cada noite deste mês de setembro, especificamente no horário do maior telejornal brasileiro, vai ao ar alternativamente, pela internet (www.aarea.co), o vídeo Lígia, em que Nuno Ramos trabalhou duas edições do Jornal Nacional de 2016 numa colagem audiovisual na qual os apresentadores do programa parecem cantar, algo desafinadamente, a canção de Tom Jobim e de Chico Buarque de 1972. Diz a apresentação do trabalho que nessa bossa-nova clássica há um lugar de onde olhar: "a mulher, o chopp, o cinema, Ipanema, Leblon, a tarde serena" - ponto de vista doce e empático que o país pareceria ter perdido de modo definitivo na atualidade.
A provocação do artista faz todo o sentido, bela e terrível a um só tempo. Então nos perguntamos: mas será que... nossa capacidade de sustentar e expandir conexões poderia irradiar olhares tão amorosos quanto os das homenagens a Silvana Rabello, a Victor Guerra e a Ecléa Bosi, presentes nessa edição do Boletim Online? ... a matriz freudiana, pluralista e em extensão de nosso Departamento amplificaria vozes de uma psicanálise migrante, mutante, pelas ruas, oficinas, fóruns e equipamentos culturais? ... nossa palavra dada a público em Percurso, neste jornal digital, nos simpósios, colóquios, associações e congressos reconfiguraria nossos lugares de olhar, escutar, falar, viver?
Nossa vontade de "merecer a bossa-nova" nos movimenta nessa direção. Com os votos de boas leituras da
Equipe Editorial
Cristina Barczinski, Elaine Armênio, Maria Carolina Accioly, Mario Pablo
Fuks, Nayra Ganhito, Sílvia Nogueira de Carvalho e Tide Setúbal.