Apreciar particularidades desta 51a edição do Boletim é destacar a atualidade das inquietações que suscitaram os escritos que temos o prazer de publicar. Sensíveis, colocam em jogo subjetividades de leitores, escritores e editores, tornando comum sua dimensão estética e política. Esforços de representação de um tempo presente marcado pela queima amazônica de nossas reservas civilizatórias.
É surpreendente o imprevisto diálogo entre textos de algumas de nossas seções, que tramam para se manterem vivos ao denunciarem o obscurantismo nefasto que paira nos dias de hoje. Aqui conversam a delicadeza da descoberta do mundo e a impressão de uma água-forte que toma a psicanálise como testemunha de pulsações que não se rendem ao sinistro. Um vão entre Nabuco e Mbembe marca o compasso de um devir aos vivos e às cores. A memória do jovem Alemão morto de frio, um entre tantos outros, amplifica o sentido da luta por justiça e da resistência da população em situação de rua, enquanto um outro jovem alemão, Daniel, sai de casa e acaba morrendo diante da banalidade do mal.
Deslembranças vertiginosamente recobradas evocaram em nossa equipe algumas de nossas leituras contemporâneas, como as dos artigos daqueles que, conosco, detestam quem anda com uma pistola no bolso ou, polemizando a controvérsia, sustentam dar à crueldade o nome que ela tem e retratam os riscos da vida em em trauma de guerra.
E porque é preciso estar atento e forte, co-memoramos nossa presença nas lutas de Articulação – Ana Sigal: obrigado! -, de Acesso a Renda, trabalho e saúde, de uma Diversa Frente em defesa da psicologia brasileira nos CRP/CFP, nossas clínicas interdisciplinares e intercâmbios interinstitucionais. Vida latinoamericana que se inscreve, apesar de tudo, a fim de fazer sua hora e sua vez.
Boas leituras!
Com abraços da
Equipe editorial
Camila Flaborea, Cristina Barczinski, Elaine Armênio, Mario Pablo Fuks,
Nayra Ganhito, Sílvia Nogueira de Carvalho e Tide Setúbal.