MARIA APARECIDA BARBIRATO [1]
Aconteceu, de outubro a dezembro de 2019, o curso de Metodologia de investigação em psicanálise, promovido pela Federação Latino-Americana de Psicoterapia Psicanalítica e Psicanálise – FLAPPSIP - à qual nosso Departamento é associado.
Tratou-se de um curso virtual, para o qual foram convidados um a dois representantes de todas as associações que compõem a FLAPPSIP.
Representaram o Departamento um integrante de cada um dos dois grupos de trabalho que há mais tempo estão envolvidos no desenvolvimento de pesquisas em nossa área: Maria Angelina Guimarães Cabral, pelo grupo Faces do traumático e eu, pelo grupo O feminino e o imaginário cultural contemporâneo.
O curso foi coordenado por Beatriz M. Rodrigues, psicanalista argentina vinculada à AEAPG e ofertou vasto e interessante material sobre o tema, que se encontra disponível para consulta na Secretaria do Departamento.
Foi uma experiência cheia de desafios! A começar pela navegação na plataforma on-line, sem bússola.... O formato do curso também era uma incógnita para nós. Desenvolveu-se em quatro módulos sucessivos, com bibliografias específicas a serem lidas individualmente e com atividades a serem realizadas por cada um dos participantes e compartilhadas na plataforma.
Concebido mais como uma oficina de trabalho, teve como tarefa, descoberta a posteriori, a construção de um projeto de investigação em psicanálise, a ser implementado conjuntamente pelas Associações da FLAPPSIP no decorrer de 2020.
O tema das tarefas do curso e da sua subsequente investigação, definido pela Secretaria científica da FLAPPSIP, é o mesmo que pautará o próximo congresso da Federação, em 2021: Sexualidade.
A partir deste tema realizamos, individualmente, várias atividades: recorte de uma situação problemática de nosso interesse, justificativa sobre sua relevância, especificação de suas metas.
Dentre todas as proposições apresentadas, uma foi escolhida para o projeto coletivo de investigação. A partir daí o grupo trabalhou conjuntamente na delimitação dos objetivos, das palavras-chave, do título e também na busca de antecedentes sobre o assunto e elaboração de seu marco teórico no campo da psicanálise. O projeto, assim como o curso, foi concluído no final de dezembro.
Esta investigação conjunta, intitulada Neosexualidades virtuais no século XXI: Ideal erótico e subjetividade nas comunidades assexuais – Perspectiva psicanalítica , iniciou já em janeiro a tarefa de seleção da amostra para a confecção de uma matriz de dados, junto a sites de comunidades assexuais da Argentina, Brasil, Chile, Peru e Uruguai - países com Associações participantes do projeto.
O cronograma das atividades da pesquisa se estenderá durante todo o ano, com conclusão prevista para dezembro. Seus resultados serão compartilhados no VIII Congresso da FLAPPSIP em maio de 2021, em Buenos Aires.
A partir do mês de fevereiro, Nayra Ganhito, com vivo interesse pelo tema emergente da assexualidade, passou a integrar o grupo do Departamento diretamente envolvido nesta pesquisa. Mara Caffé, Mira Wajntal e Miriam Chnaiderman estarão na retaguarda dos trabalhos, para as sempre necessárias interlocuções. Da mesma forma, Mara Selaibe e Silvia Alonso, delegadas do Departamento junto à FLAPPSIP e o Grupo de apoio FLAPPSIP, composto atualmente por Danielle Breyton, Helena Albuquerque, Mario Fuks e Roberta Kehdy, estarão disponíveis para nos apoiar nesta nova aventura coletiva.
PS: Este relato foi escrito em 14/3/20, na semana anterior à pandemia desembarcar na América do Sul e colocar nossas vidas de cabeça para baixo...
A intenção da Federação e dos integrantes da pesquisa é a de seguirmos trabalhando, no ritmo possível de quando se caminha no escuro, acreditando que falar e compartilhar o que pensamos clareia um pouco a escuridão.
[1] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise, membro do GTEP e integrante do grupo de pesquisa O feminino e o imaginário cultural contemporâneo.