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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    55 Setembro 2020  
 
 
CRÔNICAS DA QUARENTENA

A MÁQUINA DO MUNDO


MAURÍCIO PORTO [1]

A Carlos Drummond de Andrade
A Stella Maris

Foi após o carnaval de 2020.


A quinta-feira de cinzas foi parecida com a do ano anterior. Apenas rumores de uma nova gripe, tão distante quanto está distante a Ásia. Em uma sessão daquele dia, ela se queixa de uma sinusite pós-carnaval; porém, ao invés de se sentir fragilizada como seria de costume, relata o prazer de ter se contagiado com os beijos animados dos bloquinhos carnavalescos da cidade.

Entramos no mês de março, as águas fechando o verão de um jeito parecido ao dos últimos anos. Nesta primeira semana, ele me conta porque não pôde vir à sessão anterior: sentiu a morte passar perto escorregando junto com um enorme bloco de terra que se desprendeu da montanha desmoronando diante de seus olhos, arrastando tudo a poucos metros dele e interditando a estrada que o traria de volta para São Paulo. Na sessão, ele, que se dedica à agrofloresta, afirma que os acidentes desta natureza são mais uma confirmação dos desequilíbrios ecológicos que os humanos têm causado.

Outrem, que concebe o carnaval como momento em que se interfere no próprio processo civilizatório, observa que este intervalo dionisíaco nas ruas da cidade não esconde a atualidade de maneiras cruas e agressivas que vivemos, talvez no mundo, no Brasil com certeza. Na sessão, conta que viu ocorrerem pequenos furtos no meio da multidão: a abordagem direta da parte dos que pretendem furtar, sem traço algum de malandragem, respondida com o rechaço grosseiramente reativo, carregado de indiferença, dos que possuem algo a ser furtado explicitam a violência de nossos atuais modos de relação. “Temos empobrecido de tantas maneiras, nos reduzido tanto!”, exclama, “Talvez estejamos a perder até mesmo a arte de roubar...”

Na segunda semana de março, enquanto eu conversava no bar, com um amigo (foi das últimas vezes que fui ao bar desde então), ele vaticina, irônico: “É a Peste.” Por causa de anos de convivência, eu sei que devo ficar atento quando este amigo não consegue vencer a própria insônia, pois geralmente isso acontece quando ele está tomado por acontecimentos que revolvem o planeta. Já ocorreu antes. Desta vez não dou grande importância; suponho que seja porque acredito ter ficado íntimo da peste há algum tempo, convivo com ela.

Então, foi na segunda quinzena de março que a latência terminou para mim. Até ali, as eventuais menções à pandemia, durante as sessões, vieram dos que se perguntam como abraçariam os idosos, a velha mãe, por exemplo, ou dos que se preocupam com os doentes crônicos que necessitam ir ao hospital, ou dos administradores e do pessoal do “mercado” que tem o vírus em seus radares, seja por causa das subidas do dólar ou pelas flutuações da bolsa.

E, de uma semana para outra, “virou”! Virou para a maioria da população – mas não para aqueles cujo modo de percepção está à “direita” e que sempre se esforçam em conservar sem alterações o já existente. Virou como se de uma só vez estivéssemos todos sido lançados em outro tempo-espaço...

Mas prefiro destacar como “virou” para mim, enquanto estou sentado na poltrona de psicanalista. Logo na manhã daquela segunda-feira, a primeira que chega ao consultório deita-se no divã e me diz que só pensa no corona-vírus. Ela conta que as aulas da universidade foram suspensas, que o companheiro faz parte do grupo de risco, que a creche do filho de quatro anos não abrirá e agora precisam pensar o que farão com o menino dentro de casa o tempo todo, enquanto ambos se dividem para trabalharem também dentro de casa. A suspensão repentina do cotidiano causa angústia e medo a ela. Ao final da sessão, pergunta-me como será a continuidade das vindas ao consultório. E faz um chiste: “Sessões delivery?”

A manhã passou. Eu tinha presente o que me disse um professor: ele se sentiu satisfeito porque a direção da escola em que trabalha escutou os docentes e paralisou as aulas, a contragosto de boa parte dos pais. Eu tinha presente o que me disse um jornalista: mais da metade dos colegas da redação começaram a trabalhar desde suas próprias casas e estavam descobrindo como se faz o jornal juntos-e-separados. Eu também sabia que alguns não fazem parte da quarentena: os médicos estavam se preparando para entrar em contato com as infecções que se disseminariam em proporções desconhecidas. Antes, uma médica me perguntara: “Os psicanalistas fazem o juramento?”, se referindo ao compromisso hipocrático de acompanhar os doentes sem abreviar o fim da vida. Na supervisão, os profissionais do CAPS me contaram como a equipe viveu o medo de estar em contato com uma usuária, nada de máscara, cuja tuberculose perturbou as relações dela com todos ali, contribuindo para sua agitação intensa, que se estendeu por todo o dia dentro do equipamento e que a equipe sustentou com dificuldade, a fim de que a usuária voltasse novamente no dia seguinte.

Então, foi no meio da tarde daquela segunda-feira, quando eu o recebi, ele que também é psicanalista, e o escuto dizer que, ao longo da semana anterior, foi progressivamente se confirmando em sua decisão pelo recolhimento voluntário, e o escuto relatar as reações, positivas e negativas, de seus pacientes ao comunicar que não mais atenderia no consultório a partir de hoje. Foi quando me ocorreu o pensamento de que estou no mesmo barco!!

Nestes quatro, cinco meses de pandemia, em conversas com os colegas psicanalistas, diversas vezes tenho escutado se referirem à situação analítica com esta mesma curiosa expressão: “Estou no mesmo barco!”. Enuncia-se isto entre a surpresa, a apreensão e a advertência.

Depois que “viramos”, os colegas psicanalistas, com uma insistência inusual, e com algum desconforto, se reconhecem semelhantes demais ao analisando. De repente, tanto quanto o analisando, os psicanalistas se surpreendem no mesmo confinamento em coabitação dentro de casa e no mesmo esforço de adaptação a um lugar dentro da casa em que fosse possível trabalhar. Para alguns colegas psicanalistas, o mesmo barco significa, tanto quanto o analisando, a mesma convivência diuturna com os filhos sem escola, a mesma descoberta em relação às prendas domésticas, a mesma obrigação de cuidar da alimentação em casa, a mesma suspensão do consumo, não cortar o cabelo ou fazer a unha, não malhar na academia ou na natação, não ir todas as quartas-feiras à exposição ou ao cinema, não escapar no fim de semana, a mesma tristeza por não passear, a mesma impossibilidade de tocar o amigo, dar-lhe um beijo, de almoçar com o familiar.

Na situação analítica, escutando associações dos analisandos que, com frequência, foram mobilizadas pela experiência na pandemia, o psicanalista se percebe refletido na mesma quarentena e sente refletir um desajuste semelhante, uma imprevisibilidade, um desconhecimento, uma insegurança, um medo comuns. Sobretudo, o psicanalista fica atento às angústias que se misturam.

Aqui, é o problema da contratransferência que pode nos interessar.

A contratransferência aparece como um conceito que descreve o conjunto de sentimentos e atitudes do psicanalista em relação ao analisando, surgindo no contexto da evolução da técnica psicanalítica. Sigo uma breve exposição de Nasio[2], que me ajuda a colocar o problema da contratransferência.

Freud inaugurou a técnica psicanalítica pelo método catártico – que queria extirpar um suposto corpo estranho patógeno encravado no doente – e passou pelo curto período da sugestão – que pretendia, através da rememoração, tornar consciente uma ideia patógena recalcada no inconsciente. Confrontado com a ineficácia desta conscientização, Freud constatou que o desejo inconsciente e a fantasia patógena se mantêm recalcados diante das resistências exercidas pelo Eu que sempre busca evitar o desprazer e a dor. Assim, propôs a interpretação das resistências: na situação analítica, as resistências do Eu se atualizam na transferência; portanto, a recomendação seria de interpretar tais resistências para dar acesso ao desejo inconsciente do analisando.

Foi como uma inovação técnica que Freud mencionou publicamente, e de passagem, o conceito de contratransferência, na conferência de abertura do II Congresso de Psicanálise, em 1910 [3]. Porém, esta novidade só aparentemente técnica dizia respeito a um problema tão vasto – o lugar e a função do psicanalista no processo psicanalítico –, que foi preciso passar mais de quinze anos até que Ferenczi retomasse esta problemática com destaque, quando esteve interessado em pensar uma metapsicologia dos processos psíquicos do psicanalista [4]. Ainda assim, foi somente a partir do final da década de 1940 que a contratransferência ganhou relevância, revelando o salto realizado ao longo dos primeiros cinquenta anos da psicanálise: cada vez mais, o conflito patógeno do analisando deixou de ser entendido como um objeto em si, passando a ser considerado, necessariamente, à luz da relação transferencial, ou seja, à luz do conflito patógeno que se (re)produz – sobretudo na forma de repetição – a partir do encontro do analisando com o psicanalista.

Apesar de todas estas transformações da técnica, desde Freud até os dias atuais, a contratransferência conservou a característica de resistência do psicanalista. E resistência é motor do tratamento: ao mesmo tempo, um perigo – uma angústia impossível de suportar, um amor mal concedido ao analisando, uma má aplicação do saber sobre o analisando – e um sinal de aproximação do desejo e do conflito inconscientes; portanto, um desafio.

Agora podemos considerar dois modelos distintos de compreender a natureza da contratransferência conforme duas escolas psicanalíticas distintas. Ambas as escolas entendem a contratransferência como o conjunto dos traços pessoais e das reações internas, também das percepções inconscientes, que constituem reações transferenciais do próprio psicanalista em certa relação com a transferência do analisando. São reações internas do psicanalista que entram no campo da análise pessoal do psicanalista, sobretudo quando mobilizam aspectos identificatórios. “Estou no mesmo barco”, por exemplo.

Vejamos como duas escolas psicanalíticas distintas enfrentam tal manifestação contratransferencial.

Uma primeira escola não hesita em considerar que, em decorrência da relação interpessoal e humana da situação analítica, aquilo que o inconsciente do analisando expressa causa, necessariamente, sensações, pensamentos e atos no psicanalista. Isso que emerge internamente no psicanalista como algo do inconsciente do analisando convoca no psicanalista sua capacidade de ser continente dos desejos inconscientes do analisando. Se o psicanalista for suficientemente continente destas experiências inconscientes do analisando, e não for reativo a esta “contratransferência”, ele poderá sentir e entender o analisando, e então colocar em palavras o que está acontecendo. Assim, as sensações, os pensamentos e atos do psicanalista podem ser instrumentalizados para interpretar o desejo inconsciente do analisando.

Ao mesmo tempo em que esta escola afirma o aspecto positivo da contratransferência, não deixa de advertir para o risco e o problema. No dialeto destes psicanalistas, eles diriam que o ciclo de identificações projetivas e introjetivas implica em modificações no próprio psicanalista e, por isto, ele deve manter sua estabilidade mental para lidar com ansiedades intoleráveis a fim de que não fique ele próprio perturbado e impedido de estar com o analisando. As sensações e pensamentos do psicanalista que, por um lado, permitem entender o analisando, podem, ao contrário, provocar uma resposta defensiva caso o psicanalista se torne introjetivamente identificado com o analisando. É neste ponto que utilizamos o conceito de contratransferência em seu sentido mais corriqueiro, de perigo a ser evitado.

“Estou no mesmo barco”. Aqui, o que poderia significar a dimensão positiva da contratransferência, não o é. No barco da pandemia, contaminado pela mesma atmosfera em que está o analisando – e também seus colegas psicanalistas e todo o planeta –, o psicanalista tem dificuldades de navegar na situação analítica pois não consegue sentir e pensar que já elaborou alguma coisa a respeito de como se faz a travessia – portanto, não tem elementos para qualquer empatia com as ansiedades do analisando –, e nem consegue se sentir capaz de oferecer ao analisando um lugar continente das aflições relativas a fazer a travessia. O psicanalista não tem qualquer experiência que permita discernir algo ou se dar amparo em um barco como este...

Uma segunda escola não encontra nada de positivo na contratransferência. Ela também chama de contratransferência o conjunto das reações transferenciais do próprio psicanalista em certa relação com a transferência do analisando, mas entende que este conjunto dos sentimentos e atitudes transferenciais do psicanalista é sempre um obstáculo ao processo analítico. Diferentemente da primeira, esta segunda escola considera que o eixo da transferência não se situa na relação interpessoal entre o psicanalista e o analisando e sim na relação do psicanalista com o lugar de objeto (causa) do desejo do analisando.

Ocupar seu lugar de objeto causa do desejo do analisando exige do psicanalista certa diluição do predomínio imaginário organizado em torno de seu Eu[5]. Tal desinvestimento narcísico é perigoso, não acontece sem angústia. Nisso, o psicanalista está absolutamente só; e isso só se realiza na condição do psicanalista se por à margem de si mesmo, se reconhecer duplo de si mesmo, e na condição de poder suportar a angústia deste inquietante estranhamento, este estranho familiar. Mais precisamente, esta angústia é, ao mesmo tempo, o anúncio da obturação do lugar a ser ocupado pelo psicanalista e a abertura para este seu lugar; e a contratransferência é o sinal desta angústia – indicando que, enquanto se aproxima de ocupar seu lugar de objeto, o psicanalista está a impedir o acesso ao lugar.

Diante do perigo que o psicanalista experimenta ao se dispor a fazer a travessia com o analisando (“a prova dolorosa da transferência”, escreve Nasio), emerge nele um conjunto de reações internas que são reflexo das angústias tanto do analisando quanto do psicanalista. Então, é todo imaginário do psicanalista que vem obturar a ocupação do lugar de objeto do desejo do analisando, contra a transferência. A contratransferência é, sempre, uma resistência do psicanalista; suas reações são reações imaginárias diante de si mesmo, imagens, egóicas sobretudo. Como tais reações do psicanalista não dizem respeito ao analisando, convém calá-las – ao invés de instrumentalizá-las como indica a primeira escola.

“Estou no mesmo barco”. Aqui, a contratransferência confirma sua dimensão negativa. No barco da pandemia, contaminado pela mesma atmosfera em que o analisando está – e também estão seus colegas psicanalistas e todo o planeta –, o psicanalista tem dificuldades de navegar na situação analítica, pois, ao querer ocupar seu lugar de objeto do desejo do analisando, não se localiza em relação a um sujeito porque, como um reflexo, encontra no analisando o objeto de seu próprio desejo. O psicanalista não estabelece a distância que permite silenciar em si um eco que agora reverbera nele dia e noite.

No grande barco da pandemia em que o psicanalista se identifica com o analisando como estando junto e no mesmo, a surpresa e a apreensão, o erro e a autocrítica, surgem em função da perda da distância que separaria psicanalista e analisando. O efeito deste “estou no mesmo barco” é de não haver espaço interno de abstinência no psicanalista: seja para ser suficientemente continente da angústia que introjeta (mas é possível que o psicanalista fracasse pois, tanto quanto o analisando ele também não experimentou estas ansiedades, mal consegue elaborá-las), seja para poder ocupar seu lugar de objeto do desejo do analisando (mas é possível que o psicanalista fracasse pois, tanto quanto o analisando, ele também é causado pelas imagens reflexas que ecoam nele fazendo barulho ensurdecedor). É quando o psicanalista se põe em autoanálise, em análise, em supervisão.

Entretanto, será o bastante para o psicanalista “tratar a contratransferência” e se reacomodar em uma distância restaurada, aparentemente fundamental para a escuta e o trabalho analítico? O que farão os psicanalistas de seus settings, de seus enquadres, com suas escutas, suas interpretações e suas concepções de cura depois desta pan-desarrumação?

Os psicanalistas normalizarão todo este trabalho com a contratransferência ao escutar, por exemplo, a analisanda falar da perda de seu companheiro uma hora depois dele mesmo ter feito, na mesma sala em que atende a analisanda, o seu próprio minuto de silêncio constrito enquanto a amiga é sepultada sem velório, longe dali? Voltarão a fechar as portas de seus consultórios, ou de seus quartos-consultórios, regularmente, e se fecharão, para seguirem reconfortados a realizar suas análises-mônadas?

O que farão os psicanalistas depois desta hiância, deste vislumbre provocado pela pandemia, que carregou o mundo inteiro para dentro da situação analítica, trazido por cada analisando que se deitou no divã ou que clicou a webcam, ou que falou pelo telefone, e, assim, mesmo mundo, ocupou a sessão? Esquecerão a des-humanização?

E a psicanálise, ela, não induz a desconsiderar a dimensão pandêmica, o pan demos[6] do “mesmo barco”, em favor de uma interiorização reflexiva que confirma a individualidade narcisista de nossa atualidade?

Não será a pandemia uma oportunidade para os psicanalistas inventarem outras porosidades? Uma percepção do inconsciente cujas representações, cujos significantes, restos, componham um outro mundo interno do psicanalista, menos “eu-centrado”, mais “cosmocêntrico”?

Não será este o momento de os psicanalistas colocarem o próprio pensamento a trabalhar partindo da constatação de que nosso “mesmo barco” é planetário e se tornou uma espécie de Titanic movido por um capitalismo bulímico cada vez mais veloz? De serem íntimos deste desamparo e, encorajados pelo desamparo, abrirem uma escuta atravessada pela radicalidade destas mortes? Pelo anúncio do fim da espécie humana e, portanto, sensíveis à urgência da única vida? E, portanto, sensíveis a outras formas do desprazer, do prazer, da alegria?

Poderão, os psicanalistas, pensar uma atenção flutuante que navegue com outras embarcações, às vezes uma jangada, às vezes canoa, às vezes piroga?



Agosto de 2020





[1] Psicanalista e acompanhante terapêutico. Professor do curso de Introdução ao Acompanhamento Terapêutico.

[2] NASIO, J.D., Como trabalha um psicanalista? Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 1999, 175pp.

[3] “Tornamo-nos cientes da contratransferência, que surge no médico quando o paciente influencia os seus sentimentos inconscientes, e estamos quase inclinados a solicitar que o médico reconheça e domine essa contratransferência dentro de si. Desde que um bom número de pessoas vem exercendo a psicanálise e trocando experiências, notamos que cada psicanalista consegue ir apenas até onde permitem seus próprios complexos e resistências internas , e por isso exigimos que ele dê início à sua atividade com uma auto-análise e a aprofunde continuamente enquanto amplia sua experiência com os doentes.” Freud, S. “As perspectivas futuras da terapia psicanalítica” (1910), Obras Completas, vol. 9. São Paulo, Ed. Companhia das Letras, 2013, pg. 223. (grifo nosso)

[4] “Mencionarei um problema que nunca foi suscitado até o presente momento, ou seja, uma eventual metapsicologia dos processos psíquicos do analista durante a análise. Seus investimentos oscilam entre identificação (amor objetal analítico), por um lado, e autocontrole ou atividade intelectual, por outro . No decorrer de sua longa jornada de trabalho, jamais pode abandonar-se ao prazer de dar livre curso ao seu narcisismo e ao seu egoísmo, na realidade, e somente na fantasia, por breves momentos. Não duvido de que tal sobrecarga – que, por outra parte, quase nunca se encontra na vida – exigirá cedo ou tarde a elaboração de uma higiene particular do analista.” Ferenczi, S., “Elasticidade da técnica psicanalítica” (1928), Obras Completas, vol. 4. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 1992, pg. 34-35. (grifo nosso)

[5] “Assim, para que a relação de transferência pudesse escapar desses efeitos [especulares], seria preciso que o analista houvesse despojado a imagem narcísica de seu Eu de todas as formas do desejo em que ela se constituiu , para reduzi-las à simples figura que a sustenta sob suas máscaras: a do mestre/senhor absoluto, a morte.” Lacan, J., “Variantes do tratamento-padrão” (1955), Escritos. Rio de Janeiro, Ed. Jorge Zahar, 1998, pg. 350. (grifo nosso)

[6] Algo como “o povo todo”.




 
 
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