SOBRE A APRESENTAÇÃO PÚBLICA DE CAMILA JUNQUEIRA
MARIA CRISTINA PRANDINI [1]
No dia 17 de junho deste 2016, tivemos o feliz encontro com Camila Junqueira, que nos trouxe o caso clínico intitulado
Diana: a fera ferida. A apresentação abriu a oportunidade de acompanhar o trabalho insistente de uma analista para que, mais do que uma definição do sujeito, uma marca no corpo da paciente seja um ponto que convoque à elaboração.
A apresentação pública de um caso clínico é a última etapa do processo de admissão do analista ao Departamento de Psicanálise, momento fecundo de discussão entre pares, no qual também podem vir a público as marcas que constituem este analista na singularidade da sua clínica - seu estilo.
O estilo que Camila Junqueira nos revela é um enlaçamento fértil entre a clínica, a teoria, a pesquisa e a publicação; o modo singular pelo qual ela transforma embaraços da clínica em perguntas que se desdobram em pesquisas, publicações, gerando novas questões, apresenta sempre muito gosto pela escrita, numa constante elaboração.
Camila se interroga pelas determinações do sujeito e suas possibilidades de escolha e nos convoca a pensar o lugar do analista diante dos dilemas humanos.
SOBRE A APRESENTAÇÃO PÚBLICA DE ROSE ROSSETTI MIRANDA
ANA PATITUCCI [2]
Demos início às apresentações públicas deste segundo semestre com o trabalho clínico de Rose Rossetti Miranda, Anorexia e bulimia: cara e coroa da mesma moeda. Como sabemos, a apresentação pública é o dispositivo da Comissão de Admissão que celebra a entrada de um novo membro em nosso Departamento. Trata-se de um momento de troca rica e frutífera, principalmente para nós da Comissão e para o candidato, que apresenta a sua clínica para seus pares e, por meio dela, o seu percurso na psicanálise. Rose, que teve parte de seu trajeto teórico-clínico dedicado aos transtornos alimentares, relatou-nos o caso de uma paciente que vive a anorexia e a bulimia como um "um par pulsional que ora retorna sobre o próprio eu e ora lança-o para fora". Ela ressalta o significante desaparecer, que se apresenta na transferência de variados modos, para relacioná-lo com os sintomas alimentares da paciente e para pensar a posição de objeto em que esta se constituiu, posição atravessada permanentemente pelo conflito entre desejo e demanda. Enredada em sua trama familiar da infância, a paciente vive seu cotidiano e suas relações de maneira tal que, assim como seu corpo anoréxico, sua voz também parece ameaçada de desaparecer. A relação entre a voz e o corpo é outro ponto interessante destacado por Rose: "O corpo da anoréxica e da bulímica também podem ocupar esse lugar de voz, enquanto objeto da pulsão? ´Um corpo que dá voz´?". A analista trabalha as questões oriundas da transferência, apresentando seus avanços e impasses e articulando-as com a história de vida da paciente e com a teoria de autores como Lacan, Joël Dor, dentre outros, apresentando-nos um relato clínico que deu a pensar.
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[1] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e de sua Comissão de Admissão.
[2] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, representante da Comissão de Admissão no Conselho de Direção do Departamento, gestão 2015-2016.