EQUIPE DO CURSO
Felizmente, mesmo vivendo num momento sócio-cultural que fragiliza os mecanismos constitutivos da significação, temos observado uma crescente conscientização da importância de escutarmos e cuidarmos mais efetivamente da primeira infância, entendendo que o que se constitui nessa faixa etária baliza o desenvolvimento posterior, tendo efeitos não só na saúde física e mental, mas também no sistema econômico das sociedades.
Conceitos como neuroplasticidade, epigenética e competências do bebê, ao lado da ideia de que um bebê não existe sozinho e a qualidade de suas relações com o outro são da maior importância, têm favorecido trabalhos de intervenção que eliminam e/ou minimizam danos antes nem imagináveis de serem encarados e trabalhados. Essa escuta acabou unindo a psicanálise e as neurociências, bem como todas as formações que intervêm nessa faixa etária: todas unidas pelo conceito de complexidade!
Sob essa perspectiva e alinhamento, um grupo de profissionais, ligados por um trabalho particular e institucional nessa área e com diferentes formações, foi reunido para planejar e executar um conjunto teórico-clínico de conceitos que pudessem introduzir uma prática que privilegiasse, não só os conhecimentos a respeito desse bebê contemporâneo, mas, principalmente, uma prática que também trabalhasse a formação de profissionais numa tarefa onde a lógica da alteridade se acrescentasse à lógica do eu e do outro, ou seja, teoria e prática que favorecessem aos profissionais funcionarem numa tarefa interdisciplinar.
Foi organizado um programa que aborda conceitos teórico-clínicos sintonizados com as diferentes disciplinas, entrelaçando corpo e psiquismo, mantendo a constituição psíquica como eixo organizador dos conteúdos, entendendo que dela depende o funcionamento das outras funções. Paralelo a isso, conceitos que fundamentam a prática de formação da interdisciplinaridade, abordando noções fundamentais do sujeito no grupo para buscar o transdisciplinar na sua tarefa com a primeira infância. Em síntese, a criança (0-3 anos), as funções parentais, familiares e institucionais, sendo pensadas e trabalhadas via diferentes olhares relativos às diferentes especificidades.
A interdisciplinaridade e a escuta de um bebê são igualmente complexas! Para tal desafio, organizamos uma metodologia onde conceitos e técnicas deslizam entrelaçados numa mesma cena, numa busca de sincronia entre eles e entre os profissionais responsáveis pelo conteúdo. Dessa forma, vamos possibilitando discussões onde a psicanálise, a pediatria, a fonoaudiologia, a psiquiatria, a terapia ocupacional vão mostrando como cada uma está entendendo determinada questão e como trabalha a mesma.
Objetivamente, recortamos o que julgamos ser fundamental para essa tarefa, nomeando algumas disciplinas: Entrelaçamento dos conceitos na clínica da primeira infância; Desenvolvimento, Crescimento e constituição psíquica; Família, grupo e instituições; Discussões da clínica (supervisão interdisciplinar); Reuniões clínicas. Em cada aula contamos, no mínimo com três professores que se entrelaçam com a teoria e a clínica daquele respectivo conteúdo.
Profissionais e alunos dispõem de espaço para trazerem suas experiências e, de forma organizada, irem se aprimorando na capacidade de escutar as diferenças em prol da busca do transdisciplinar, forma possível de privilegiar a complexidade dessa faixa etária. O próprio grupo de alunos é trabalhado enquanto instituição, mobilizado a funcionar em direção a um aperfeiçoamento da sua tarefa. Buscamos a construção do pensamento e da ação transdisciplinar com a visão do sujeito em ação interdisciplinar, discutindo esses efeitos na escuta clínica.
Trata-se de um projeto que surge no Instituto Sedes Sapientiae em sintonia com a filosofia dessa instituição, que sempre está atenta para atender as demandas do sujeito e dos diferentes grupos sociais. O programa inova tanto na sua junção de conceitos como na sua metodologia pedagógica. Nossa equipe está unida pela mesma demanda, ou seja, formar profissionais mais capacitados para abordagem institucional, tanto privada como pública, no atendimento interdisciplinar da primeira infância, equipe sustentada por um forte desejo de contribuir. Vamos organizando esse entrelaçamento, ensaiando uma sincronia de acordes de uma orquestra que pretende logo poder ver suas partituras sonhadas sendo tocadas numa harmonia transdisciplinar.
Equipe: Vera Blondina Zimmermann – psicanalista- coordenadora
Wagner Ranna- psiquiatra e psicanalista
Péssia Grywac – Terapeuta Ocupacional
Paulina Schmidtbauer- psicanalista
Mira Wantjal- psicanalista
Florencia Fuks- pediatra
Denise Cardellini- psicanalista
Ana Maria Hernandez- fonoaudióloga