PUBLICAÇÕES

    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    43 Setembro 2017  
 
 
NOTÍCIAS DO DEPARTAMENTO

SOBRE A CHEGADA DE TRÊS NOVOS MEMBROS AO DEPARTAMENTO DE PSICANÁLISE


APRESENTAÇÃO PÚBLICA DE DANIELA DE ANDRADE AUTHUIL GALVÃO DE SOUSA


ANA MARIA LEAL[1]


Encontrei Daniela em outubro de 2016 em uma das duas entrevistas do processo de Admissão ao Departamento de Psicanálise. Em nossa conversa, foi muito marcante para mim seu percurso como psicóloga e psicanalista, sempre aproximado das questões que envolvem principalmente jovens e crianças em situações de vulnerabilidade.

Vinda do Rio de Janeiro, onde cursava Psicologia na Universidade Federal, percorreu como aprendiz deste ofício de psicanalista agora em São Paulo um novo percurso, entre a PUC e o Sedes, frequentando grupos de Psicanálise de diversos matizes, até chegar à formação em nosso Curso.

Nesse ínterim, além do atendimento em diversas Instituições e mais tarde em seu consultório particular, publicou artigos, deu cursos e palestras.

Ingressou no Curso de Psicanálise em 2005. Tornou-se aspirante a membro, integrou-se em diversas atividades do Departamento e hoje chega à apresentação pública de seu trabalho, trabalho este irretocável.

Além de participar de diversos trabalhos institucionais, Daniela aprofunda – através da discussão nos grupos e na escrita – uma reflexão sobre as questões da violência e de como esta atinge os sujeitos nas mais diversas situações de fragilidade. Contribui com tais articulações para o avanço da Psicanálise como dispositivo de tratamento e pontuando o caráter político deste trabalho.

Todo este percurso profissional, de mais de dezesseis anos, fez caber o nascimento de seus três filhos. E é da maternidade que ela nos fala agora em seu trabalho: Mater incerta:(des)caminhos entre o querer e o tornar-se mãe.

A discussão do trabalho de Daniela foi muito rica. E ela é muito benvinda ao nosso Departamento.



SOBRE A APRESENTAÇÃO PÚBLICA DE DEBORA FELGUEIRAS


RODRIGO BLUM[2]


Debora Pereira do Rego Felgueiras apresentou o caso clínico Outras escutas: reverie, flashes oníricos da vigília e enactment. Ao apresentar a história de Paula, que de início teve seu atendimento marcado pelo contorno institucional, Debora nos apresenta o processo de construção e conquistas de uma mulher desvitalizada e gravemente deprimida. Ao longo dos relatos e situações de análise vamos acompanhando Debora e Paula em um processo analítico que vai ganhando contornos mais profundos. A relação transferencial e sobretudo o efeito mortífero de um discurso repetitivo e empobrecido exige de Debora um manejo difícil e decisivo nos anos que seguem esta complexa existência de Paula. Atenta aos muitos sonhos de Paula, Debora vai nos mostrando as mudanças de sua paciente a partir da sua leitura cuidadosa dos conteúdos inconscientes oníricos. Com o passar do tempo as construções subjetivas vão ganhando campo e as conquistas vitais se apresentando no cotidiano de Paula e na força analítica deste caso clínico. No entanto, é a partir da força da pulsionalidade de morte, projetada do corpo e no psiquismo da analista, que vemos a importante virada do processo analítico em Paula. Tomada por um sono insuportável e pela paralisia da escuta, Debora é atravessada por uma imagem forte onde uma criança ao sair em direção à rua é barrada pelo grito da mãe dizendo para a menina não ir à rua pois isso é muito perigoso. A imagem toma corpo e forma na interpretação de Debora que, de posse desta, retoma a boa medida de uma tonalidade onde a ameaça do perigo não se sobreponha à importância do cuidado, nem a fragilidade da fala desqualifique o perigo. É a partir deste ponto na análise e na sua apresentação que percebemos com clareza a força analítica e a beleza do percurso clínico apresentado pela analista.



SOBRE A APRESENTAÇÃO PÚBLICA DE MARIA HELENA FERNANDES


ANA PATITUCCI[3]


Iniciamos as apresentações públicas deste segundo semestre de 2017 com Maria Helena Fernandes, professora do Curso de Psicanálise de nosso Departamento, que coroou o seu processo de pertinência com o trabalho clínico intitulado Um ninho para o segredo. Reflexões sobre o manejo transferencial na anorexia e na bulimia. Através do relato de um caso de uma jovem paciente que sofria com anorexia e bulimia, Maria Helena nos trouxe uma rica discussão em torno dos manejos da transferência nesta clínica. O atendimento desta paciente marcou o início de sua clínica com a anorexia e bulimia ao colocar questões às quais Maria Helena têm se dedicado ao longo de sua experiência clínica e produção teórica. Ela abordou dois aspectos das dificuldades características de pacientes com anorexia e bulimia: a percepção das sensações do corpo e a diferenciação da figura materna, visando pensar o manejo transferencial. Maria Helena destacou que este manejo se dá e é pensado à luz do que vivem, juntos, analista e analisando. Na análise de sua jovem paciente é vivido o corpo em negativo da analisanda; o intenso sofrimento que parecia “comer” as falas da analista; a angústia que se tornava atos na própria sessão; a construção em conjunto para a compreensão do sofrimento vivido pela paciente, construção esta que evidenciava a importância da presença da analista, materializada em sua escuta e em sua voz, mais do que no conteúdo de sua fala. Maria Helena Fernandes nos proporcionou mais um momento precioso das apresentações públicas, com uma fecunda reflexão sobre a clínica psicanalítica.

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[1] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, integrante da Comissão de Admissão nas gestões 2013-14 e 2015-16.
[2] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Saoientiae, integrante da Comissão de Admissão.
[3] Psicanalista. Membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, representante da Comissão de Admissão no Conselho de Direção.




 
 
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