Flavia Vineyard Steuer, aspirante a membro, realizou sua primeira atividade como membro de nosso Departamento de Psicanálise em 30/11/2018, apresentando-nos seu trabalho clínico: Samia Jamile Málaga de Vasconcelos[iii] : O encontro com o próprio nome no processo analítico.

Convoca-nos “para acompanhar o processo percorrido, explicitando como o pensamento psicanalítico está sujeito a idas e vindas, e como as palavras, os afetos e os sentidos ganham - para analista e paciente - novos contextos e ligações. Pretendo também ressaltar como aspectos da falta e excesso se articulam e passam a funcionar no psiquismo de Samia Jamile como fenômenos impeditivos de origem distintas”.

Iniciou seu percurso profissional com a fonoaudiologia. Percorreu um sólido caminho: graduação na PUC, especialização no CEFAC, mestrado na PUC, carreira acadêmica como professora, supervisora clínica, preparadora vocal. Fonoaudióloga do Derdic inaugurou um serviço de voz. As trocas fonêmicas, os atrasos de linguagem e as questões da voz sempre a encantaram.

Já no curso de especialização aproximou-se da psicanálise. Percebia que algumas queixas que se apresentavam como sendo problemas de linguagem ou de voz poderiam ser sintomas dos quais nem sempre a clínica fonoaudiológica daria conta. Seus estudos a encaminharam para a concentração na área da voz.

Sua vida profissional foi atravessada pela psicanálise, seja pela oportunidade de trabalhar em equipe com psicanalistas, seja por uma forma de abordagem na sua clínica: levava em conta o dizer dos pacientes.

A leitura dos textos freudianos proporcionou-lhe a expansão de conhecimento, inaugurando, então, um encantamento pela psicanálise -e cada vez mais se percebia dividida entre esta e a fonoaudiologia. Foi muito laborioso tomar a decisão.

Citando Amós Oz, que escolheu De amor e trevas como título de sua autobiografia, Flavia nos diz: “a meu ver, nome perfeito para uma biografia. Tomo emprestado a ideia e a relaciono ao meu processo de análise, que pôde nomear os amores e trevas da vida e criar uma nova possibilidade de estar viva, de reinventar-me”.

Flavia fez o seu pedido de pertencimento ao Departamento de Psicanálise do Sedes para estar, como psicanalista, entre pares, no lugar ao qual acredita, de certa forma, já pertencer: o lugar de sua formação e de sua história.