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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    54 Junho 2020  
 
 
NOTÍCIAS DOS CURSOS

A ARTE NO NASCIMENTO DA PSICANÁLISE


ANA TATIT[1]



No início do curso Clínica Psicanalítica: Conflito e Sintoma, lemos alguns textos sobre os tempos histórico, político, social e artístico nos quais a obra de Freud, em seus primórdios, estava situada. Christiana Freire, coordenadora do nosso seminário, nos sugeriu a leitura de: A Ringstrasse, seus críticos e o nascimento do modernismo urbano. Viena fin-de-siècle. política e cultura, de Carl SHORSKE; Áustria-Viena-Schnitzler. Um império, uma cidade, um escritor na virada do século, de Wolfgang Bader; Freud e seu duplo. Reflexões entre psicanálise e arte, de Noemi Moritz Kon. Além destes textos, lemos também a Autobiografia de Sigmund Freud, (1925).

A partir dessas leituras, fui fisgada por uma palavra: a solidão. A solidão de Freud em sua busca incessante e audaciosa pela compreensão da mente humana, “contra tudo e contra todos” e o enfrentamento corajoso diante das adversidades de seu tempo me fizeram pensar nos artistas, na solidão vivida por eles também por uma busca singular de expressão e confrontação diante da incompreensão de sua obras pela sociedade vigente. Outro aspecto que me fez aproximá-los, ainda em relação à solidão, é o fato desse sentimento ter sido vivenciado em plena expansão das cidades, com a explosão demográfica, o desenvolvimento da industrialização e do comércio - o caminho solitário de Freud e também o dos pintores. Não quero dizer com isso que havia um isolamento destes personagens, porém, mesmo dialogando com seus pares, tanto Freud como cada artista, no seu íntimo, caminharam ousadamente no aprofundamento de suas pesquisas inovadoras.

Neste panorama do primeiro mês e meio do curso, me ofereci, estimulada pela leitura do texto da Noemi, a criar um panorama geral da arte no século XIX, com foco exclusivamente na pintura europeia. Senti que talvez fosse interessante repousar o nosso olhar sobre imagens concretas e “belas” das Artes e compor assim, um quadro mais completo desse período.

Cito abaixo um trecho do texto de Noemi, Freud e seu duplo. Reflexões entre a psicanálise e a arte, que, creio eu, pode ter sido a inspiração deste trabalho:

II- O universo espiritual

A comparação entre vida e obra de Freud e de Gustav Klimt - o grande líder do movimento modernista vienense denominado Secessão - realizada por Schorske em "Gustav Klimt: pintura e crise do ego liberal", é exemplar para ilustrarmos a vinculação, que faz este autor, entre a obra psicanalítica e o movimento geral de transformação cultural que se dava em Viena. Neste texto, Schorske afirma: " (...) Apesar de suas diferenças de fama e fortuna, Freud e Klimt tinham muito em comum. Ambos colocaram uma crise pessoal de meia-idade a serviço de uma reorientação radical do seu trabalho profissional. Ambos rejeitaram resolutamente o realismo fisicista em que tinham sido criados. Ambos soltaram as amarras biológicas e anatômicas dos campos que escolheram: respectivamente, psicologia e arte. Procurando um caminho para sair dos escombros de uma concepção substancialista da realidade, ambos mergulharam no eu e seguiram num voyage intérieur. Quando trouxeram a público os resultados de suas explorações do mundo do instinto, encontraram, em graus variados, a resistência de dois setores: a ortodoxia acadêmica liberal-racionalista e os anti-semitas. Frente a essa hostilidade, Freud e Klimt retiraram-se da cena pública, ao abrigo de um círculo pequeno mas fiel, para preservar o novo terreno que tinham conquistado".

Clique aqui para abrir o panorama geral da arte no século XIX, por Ana Tatit





[1] Aluna do 1º ano do curso Clínica Psicanalítica: Conflito e Sintoma.




 
 
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