PUBLICAÇÕES

    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    47 Setembro 2018  
 
 
NOTÍCIAS DO SEDES

OS ANTIDEPRESSIVOS E O SEDES


DECIO GURFINKEL[i]
LIA PITLIUK[ii]

Os colegas do Boletim nos pediram para contar um pouco da história dos Antidepressivos, e comentar sua apresentação na Feira de Arte comemorativa dos 40 anos do Sedes, ocorrida em maio de 2018.


Bem, este grupo se formou pelo encontro “casual” de pessoas que têm dois interesses em comum: a psicanálise e a música. Na verdade, trata-se de analistas que ao longo de sua vida tiveram uma relação significativa com a música - tocando, compondo e escutando – mas, devido aos caminhos de vida escolhidos, acabaram por abrir mão de um projeto mais consistente de trabalho neste campo, justamente pelo engajamento no mundo da psicanálise. No entanto, a paixão não havia se extinguindo. A oportunidade de tocar junto acabou por reacender a chama deste desejo semiadormecido, e começamos a nos encontrar periodicamente - ora na casa de um, ora na de outro - para tal finalidade. Isto começou há bem mais de 20 anos atrás; alguns se tornaram frequentadores assíduos, outros eventuais, alguns tocando, outros apenas cantando ou mesmo escutando e usufruindo do encontro social-musical. Desde então, diversos amigos passaram por estas reuniões, que chegaram a ter dimensões bem variáveis e um repertório também diversificado, em que predominava a MPB. Dentre os frequentadores, muitos eram do Departamento de Psicanálise ou de outros espaços do Sedes, mas nem todos; alguns nem eram necessariamente do mundo psi.

Vale dizer que, nestas reuniões, nunca se buscou mais seriamente a formalização de um grupo de música - uma “banda” ou algo assim; apenas brincávamos de tocar juntos, e nos divertíamos muito com isto. Mas eis que chegou a “oportunidade”. O evento catalisador se deu há dez anos atrás: houve um chamado para toda a comunidade Sedes convidando os interessados a participar de uma Feira de Artes comemorativa dos 30 anos de existência do Instituto. Alguns de nós se animaram e formamos um pequeno grupo de quatro pessoas (Decio Gurfinkel, Lia Pitliuk, Aline Camargo e Erane Paladino) para tocar neste evento. Preparamos um repertório e fizemos uma apresentação de uma hora de duração. Durante os ensaios, surgiu a brincadeira de que deveríamos criar um nome, e aí surgiu a ideia: ora, nada mais apropriado do que Os Antidepressivos!

Mais dez anos se passaram... voando! Neste período, quando possível, ainda nos encontrávamos para fazer música - de modo intermitente, com idas e vindas e bastante irregularidade. Neste ínterim, diversos movimentos: chegadas, partidas, separações e novas parcerias... o tempo não para! E eis que surge um novo evento catalisador: a Feira de Arte dos 40 anos do Sedes – o que significaria 10 anos de Antidepressivos! Tiramos as fantasias do fundo do baú, e abraçamos mais esta empreitada. A nova formação do grupo que se sedimentou para esta apresentação foi de seis membros; houve, por um lado, a ausência sentida da Aline e, por outro, a chegada bem-vinda de três queridos analistas-músicos: Marcelo Soares, na bateria, que já vinha tocando conosco há vários anos em uma convivência assídua, Carô de Oliveira, grande vocalista “garimpada” em um sarau musical, que veio se aproximando aos poucos e, mais recentemente, a chegada simpática do Rodrigo Veimert, no baixo que nos faltava.

A experiência de tocar novamente no Sedes foi calorosa, revigorante e estimulante. Mais do que “nos apresentarmos”, procuramos convidar nossos pares da comunidade Sedes a entrar na brincadeira, como costumamos fazer em nossos encontros domésticos; usamos, então, uma estratégia que já havíamos utilizado diversas vezes: projetar em uma tela as letras das músicas, para que todos pudessem cantar conosco. Foi assim que, ao final da apresentação, tivemos o prazer de ver todo o auditório – aquele mesmo em que participamos de tantos eventos no nosso cotidiano institucional – em pé, cantando e sambando Volta por cima. Eis um bom hino para os tempos sombrios em que vivemos, nos ajudando a mobilizar a energia tão imprescindível para os movimentos de superação das perdas e dores do viver. Combinava bem com a busca de um caminho antidepressivo - não químico - diante dos males e sofrimentos. Ficou o registro na nossa memória - e na de todos os queridos amigos e colegas que lá estiveram presentes para prestigiar e compartilhar; e, por que não, o registro em vídeo nos anais do Sedes.

Como homenagem e carinho a tantos amigos que participaram e contribuíram com alegria nas nossas reuniões musicais ao longo de todos estes anos, gostaríamos de lembrar aqui alguns nomes, sabendo desde já que devemos estar cometendo a injustiça de deixar de citar muita gente. Além dos já mencionados anteriormente, estiveram – e estão! - entre nós Joel e Eliza Katz, Jovi, Paulo Corsi, Zé Bachur e Silvia, Bill Zeitlin e Leda, André Growald, Solange Oliveira e João Luiz Marques, Renata Cromberg, David e Maria Lucia Calderone, Dayse Bernardi, Mira Wajntal e Fernando, Regina Vasto, Ricardo Vignini, Inês Loureiro, Adela Gueller, Vivian Montag, Wagner Ranna, Roberta Manna, Regina Maciel, Cristina Herrera e Jorge Póvoa, Naná, Arnaldo Battaglini, Cristiane Mendes, Mario e Lucia Fuks, Ivy Martinez, Iara Guerriero, Eduardo Lane, Lucila Gonçalves e Fábio, e tantos outros queridos.

É bom poder compartilhar com os colegas do Departamento este singelo movimento de vida - não muito profissional, não muito pretensioso -, que acreditamos ter trazido um tanto de alegria para alguns que dele vêm participando. Sem grandes utopias, antidepressivos na veia!



[i] Psicanalista, professor do Curso de Psicanálise e membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.

[ii] Psicanalista, professora do Curso Psicanálise com Crianças, membro dos Departamentos de Psicanálise e de Psicanálise com Crianças do Instituto Sedes Sapientiae.




 
 
Departamento de Psicanálise - Sedes Sapientiae
Rua Ministro Godoi, 1484 - 05015-900 - Perdizes - São Paulo - Tel:(11) 3866-2753
www.sedes.org.br/Departamentos/Psicanalise/