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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    48 Novembro 2018  
 
 
NOTÍCIAS DO DEPARTAMENTO

CLAUDIA ADES, MARIA ANGELINA CABRAL, CAMILA MUNHOZ E MARIA LÚCIA PAIVA SÃO NOSSOS NOVOS MEMBROS


A APRESENTAÇÃO PÚBLICA DE CLAUDIA LIVINGSTON ADES


DENISE CARDELLINI [i]


Desde adolescente, Claudia Ades gostava de ler sobre Psicanálise e Psicologia, com interesse pelo funcionamento psíquico e pelo inconsciente.

Além do mestrado na PUC, realizou muitos cursos, inclusive o Curso de Psicanálise no Sedes, que marcou sua formação psicanalítica. Por isso, menciona que a formação em Psicanálise fez enorme diferença no seu trabalho clínico. Ela buscou no seu percurso profissional atendimentos no consultório e em instituições como o Hospital das Clínicas no Ambulatório do Soma - Transtornos Somáticos.

Para a entrada como membro do Departamento, apresentou o caso Amanda e a idealização como herança psíquica transgeracional. Trouxe questões para serem discutidas sobre uma jovem de treze anos com conflitos com os pais e avó, que se destacavam pela idealização dos outros e de si mesma. No processo analítico, a garota pôde levar em frente suas escolhas, encontrando condições sublimatórias.

Entre pares do Departamento, Claudia reafirma sua inserção e desejo de maior participação no campo psicanalítico.





A APRESENTAÇÃO PÚBLICA DE MARIA ANGELINA GUIMARÃES CABRAL


RODRIGO BLUM [ii]


Apresentar Maria Angelina Guimarães Cabral, neste momento tão importante do processo de admissão a este Departamento, significa muito mais que fazer um breve relato de sua história e formação.

Para ter a verdadeira ideia do percurso desta analista, será necessário acompanhar Maria Angelina desde os corredores e as enfermarias do Hospital das Clínicas, até Belo Monte, em Altamira.

Psiquiatra formada pela USP, Maria Angelina nos conta que sua escuta analítica já se mostrava presente mesmo no campo da urgência médica. Atenta aos não ditos dos pacientes internados ou aos riscos da morte iminente numa enfermaria de um pronto socorro, a proximidade com a dor humana e toda sua complexidade já se mostrava evidente na sensibilidade empática de Maria Angelina.

Uma longa estrada se deu entre o ofício da psiquiatria e a formação de psicanalista. Maria Angelina chega ao Sedes pelo interesse na clínica infantil e inicia sua formação no departamento Psicanálise com Crianças em 2005. Atendendo crianças, sua clínica começa a ganhar mais força juntamente com a abertura para as questões políticas e sociais. O lugar de pertencimento e acolhimento do Instituto Sedes Sapientiae faz então, um importante marco na trajetória clínica e institucional de Angelina. A entrada no curso do Departamento de Psicanálise dá-se em 2011; nas palavras de Maria Angelina, “uma verdadeira e decisiva mudança na sua clínica é operada”. A psicanálise, que antes estava distante ou inconsciente nos olhares e escuros da psiquiatria, ganha luz e clareza nas parcerias que Angelina estabelece na formação. Ao passo que entra cada vez mais em contato com os interiores da subjetividade humana e seus ditos inconscientes, Maria Angelina nos conta de sua busca interessada pelos rumos da psicanálise para além do consultório.

Ingressa no grupo Faces do Traumático deste Departamento, no qual permanece até hoje, e vai de encontro à escuta do coletivo. Ruma para Altamira no final de 2015, a fim de dar voz e testemunho ao traumático vivido pela população local de Belo Monte. De posse de uma escuta atenta à necessidade de uma psicanálise atuante para além dos limites do setting tradicional, Maria Angelina nos apresenta um relato claro e sensível de uma analista em franca produção.

Atravessado por esse denso percurso e lembrando que o processo de apresentação pública é um momento primoroso e delicado de um testemunho coletivo do trabalho de um analista e sua clínica, convidei a todos a acompanhar Maria Angelina neste rico caso clínico que ela escolheu nos apresentar, denominado Do caótico à possibilidade de discriminação: movimentos da análise de um paciente com dificuldades narcísicas.



A APRESENTAÇÃO PÚBLICA DE CAMILA MUNHOZ (19/10/2018)


CRISTINA PETRY [iii]


Graduada em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia de São Paulo (IP - USP) no ano de 1996, Camila Munhoz realizou sua formação em Psicanálise no Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae com término em 2003. Tornou-se mestre em Problemas Teóricos da Psicologia no ano de 2009, com a dissertação A relação entre o psicanalista e suas teorias.

Desenvolve atividades clínicas de atendimentos e supervisões em consultório desde março de 1997. Atuou como Supervisora Institucional no CAPS de Vargem Grande Paulista, na ONG Espaço de Construção, nas Clínicas da Psicoblue e também coordenou o Setor de Psicologia do Hospital Santa Casa de Misericórdia, além dos atendimentos iniciais que ali realizou.

Trabalhou como docente e teve participação ativa em congressos, seminários e afins. São de sua autoria os seguintes artigos publicados:

- Reflexões a partir de uma conversa pública (pp. 39 a 45). In Rodrigues, M.; Mercadante, I. Travessia do Silêncio, Testemunho e Reparação. São Paulo: Instituto Projetos Terapêuticos, 2015.

- A relação entre o psicanalista e suas teorias (Tese de Mestrado). São Paulo: Escuta, 2015.

- Um par analítico e uma gravidez prenhe de sentidos – Percurso, Revista de Psicanálise – nº 33 – 2º semestre de 2004. (Texto escrito para o seminário sobre Pulsões do curso de Psicanálise no ano de 2002 sob coordenação de Alcimar A. S. Lima).

Camila identifica que o seu percurso na Psicanálise foi iniciado desde muito cedo. Diz ela: Um contato muito íntimo com o sofrimento humano, o meu próprio e o dos que estavam a minha volta, e uma certa fé, que talvez venha do fato de eu sempre ter me sentido muito amada (sic).

Deu aulas particulares desde a sua adolescência para colegas mais novos e com dificuldades. Estima ter ocupado um lugar subjetivo de uma criança cuidando de outras crianças, ensinando o que tinha acabado de aprender.

Parece que essa marca percorreu toda a sua formação e o desenvolver do seu trabalho: Sempre suportando e sustentando esse lugar de diferente entre os seus pares; como se fosse muito fácil, afirma.

Pondera que a exposição pessoal com a qual se apresenta é a marca de toda a sua reflexão psicanalítica, pois, pensa a Psicanálise sempre relacionada com quem a exerce. A pessoa do psicanalista tem que ser incluída tanto nas análises que ela pratica quanto na sua reflexão.

Acredita que atender em Plantão Psicológico nos idos tempos da Faculdade, aliado a sua análise pessoal, formaram a base da sua escuta: estar aberta para o que viesse.

Esse é o caminho que percorreu e pelo qual transita no trabalho que nos apresentou sob o título de: A análise se dá onde o paciente está.

Camila demonstra, através desse caso clínico e influenciada fundamentalmente pelas leituras de Ferenczi e Winnicott, como a psicanálise se encarna na psicanalista que é. Narra como num encontro ficam mobilizados, paciente e analista, por afetos, ideais e sonhos, levando em conta o espaço físico, psíquico e o tempo em que se dá a análise, ou mais especificamente, o efeito analítico.

Para isso trouxe uma vinheta clínica na qual teve de suportar o lugar de não saber no caso de uma paciente que, ao interromper uma análise onde muita coisa não era explicitada à analista, mostrava nada além de uma adaptação e redução de alguns sintomas. Porém, ao retornar alguns anos mais tarde, conta do quanto a havia escutado e conquistado através de sua análise.

Esse dilema da distância e proximidade entre analista e analisanda fez com que Camila apresentasse, com mais detalhes, um caso ainda em aberto em que a paciente mais faltava do que vinha.

Questões sobre transferência, contratransferência, identificação projetiva, pulsões, manejo, a presença na ausência, a hostilidade percebida, como lidar com os próprios sentimentos, a força da relação transferencial atualizando relações, foram a tônica na sequência do debate em que os presentes, de maneira bastante interessada, refletiram juntamente com a Camila em torno de sua proposta de pensar sobre qual o lugar do analista em uma análise e qual o lugar da análise na vida de quem se entrega a ela.



A APRESENTAÇÃO PÚBLICA DE MARIA LÚCIA DE SOUZA CAMPOS PAIVA


SOLANGE MARIA SANTOS OLIVEIRA [iv]


Maria Lúcia de Souza Campos Paiva fez sua primeira atividade como membro de nosso Departamento de Psicanálise em 19/10/2018, nos apresentando seu trabalho clínico: O tempo na elucidação clínica.

Iniciou seu percurso profissional pela pedagogia e seguiu esse caminho, buscando uma especialização em psicopedagogia no Instituto Sedes Sapientiae. Fez aperfeiçoamento na Alemanha, país em que viveu sua infância. Atuou em escolas, interessada em entender como as questões da cultura, bem como as questões emocionais apareciam como pano de fundo dos problemas de aprendizagem. O preconceito e a discriminação passaram a ser objetos do seu interesse, no sentido de entender como tais fenômenos aparecem e se constroem nos laços sociais. Durante sua formação, essas questões foram fundamentais para seus questionamentos pessoais e de trabalho.

Voltando ao Brasil, retomou seus estudos sobre psicopedagogia, atendendo crianças e adolescentes. Nessa clínica, passou a questionar os limites da intervenção entre a psicopedagogia e psicologia, o que a levou a cursar Psicologia na PUC-SP.

Construiu carreira acadêmica como professora e pesquisadora. Deixou de atender em psicopedagogia, para clinicar no referencial psicanalítico. Fez mestrado e doutorado no Instituto de Psicologia da USP, com a temática: o mecanismo de transmissão psíquica intergeracional e transgeracional na formação e manutenção do vínculo conjugal. As mudanças percorridas em suas referências teóricas consolidaram a transição na sua escuta clínica para a escuta analítica. Em 2013 concluiu o curso de Psicanálise aqui no Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.

Sobre sua história, comenta: “os meandros percorridos em minha trajetória de vida tiveram um grande peso definido pela psicanálise, a busca pelo entendimento dos processos psíquicos que permearam o decorrer da minha vida levou-me a analista que sou” e para consolidar esse belo percurso, Maria Lucia expõe seu pensamento psicanalítico e sua escuta clínica com o caso que atendeu no início do seu trajeto. Sobre o caso nos diz “Atender Antonia foi um desafio, pois o seu estado melancólico proporcionava uma sonolência que limitava minha escuta analítica e, consequentemente, restringia o desenrolar de sua análise. Passados esses anos, revisitando as sessões transcritas na época, foi possível elucidar a minha contratransferência. Havíamos estabelecido uma aliança inconsciente a partir de traço único identificatório que nos ligava. Um novo entendimento para as questões da paciente e algumas elaborações a respeito do que poderia ter sido trabalhado, na época, e que não foi possível, são discutidos na apresentação desse caso clínico”.


[i] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e de sua Comissão de Admissão.

[ii] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e de sua Comissão de Admissão.

[iii] Maria Cristina Petry Barros Martinha é psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e da Comissão de Admissão.

[iv] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e de sua Comissão de Admissão.




 
 
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