PUBLICAÇÕES

    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    49 Abril 2019  
 
 
NOTÍCIAS DOS CURSOS

QUANDO A NOITE LAMPEJA EM PLENA LUZ DA VIGÍLIA - DOS ATOS FALHOS COMO FORMAÇÕES DO INCONSCIENTE


ROBERTA NAZARÉ BECHARA VENTURA [I]


Dançando sob o império do medo, 1938. Paul Klee





Assim como a luz das estrelas no céu fica obscurecida pelo brilho do sol durante o dia, o sonhar continua enquanto estamos acordados, ainda que seja obscurecido pela luz da vida de vigília
Ogden, 2016



De criança, me espantava pensar que as estrelas que víamos no céu em noites limpas eram estrelas mortas; que as luzes que brilhavam em nosso céu eram rastros de um passado longínquo no tempo e no espaço; que esse espaço inimaginável era cruzado de modo tão veloz (a 300.000 km por segundo!) e que ainda assim, as notícias que nos traziam eram atrasadas: víamos luzes de corpos celestes que já não mais existiam. Aquelas constelações que gostávamos de decifrar ou de formar no silêncio incômodo do sítio e da família eram então nítidas ilusões do tempo e confusões de escalas. Nem mesmo a idade daqueles corpos luminosos aparentemente estáticos eram equivalentes; variavam na distância e na intensidade de luz ainda que fizessem presença simultânea aos nossos olhos. A hipótese de que se pudéssemos viajar de modo tão veloz, como a luz das estrelas ou da lâmpada que iluminava nossa casa, se isso nos tornaria passíveis de viajarmos no tempo me tomou na infância noites e dias de pensamentos. Indagações tão ingênuas quanto agudas. O ceticismo e a incompreensão quase risível com que meus pais pareciam receber minhas tímidas perguntas nesse tema me davam pistas de que o conhecimento dos físicos pesquisadores e professores de alta titulação acadêmica, no caso papi e mami, dotado de toda teoria para explicação dos fenômenos, carecia de uma ferramenta essencial, uma escuta particular para elucidar aquela vertigem intragalática.


***

A primeira publicação de Freud sobre ato falho data de 1898. Sob o título de “O mecanismo psíquico do esquecimento” Freud publicou numa revista especializada em psiquiatria e neurologia a análise das associações que fez na ocasião em que não conseguiu lembrar o nome do pintor Signorelli. Essa publicação se deu pelo menos 2 anos antes da finalização da sua escrita de A interpretação dos sonhos e 5 anos após a publicação das primeiras reflexões clínicas dos casos de histeria junto a Breuer (“Comunicação Preliminar”). A publicação d´A interpretação dos sonhos em 1900 inaugura a teoria psicanalítica de Freud, demarcando os textos anteriores como pré psicanalíticos. Menos importante na observação desses 2, 5 e 7 anos que separam essas publicações é a classificação do que seria pré ou propriamente psicanalítico, mas o que se quer dar saliência aqui é ao caráter justamente não linear mas justaposto da elaboração, sistematização, partilha e tecelagem daquilo que ficou conhecido na virada para o século XX como psicanálise.

A convergência da análise do ato falho, do tratamento da histeria e da interpretação dos sonhos com a edificação da teoria psicanalítica pode ser feita por diferentes abordagens. Pelas datas de escrita e publicação dos textos que as expõem, pelas bases metapsicológicas que as engendram, pela dissolução da fronteira entre normal e patológico do saber vigente que entoam, pela revelação de sentido e história a fenômenos aparentemente desconexos, e, claro, pelo desnudamento de uma tendência que, à revelia da razão, comparece e insiste em uma busca cuja meta e satisfação soam um tanto estranhas ao que a consciência pode reconhecer como próprio do eu.

Ao mesmo tempo em que teorizava sobre a clínica da histeria, Freud se debruçou sobre um campo que não concernia ao da patologia e nem ao dos tratamentos que conduzia mas cujas bases foram dessa clínica retiradas. O que estava em jogo na clínica da histeria nessa passagem de século, nas teorizações de Freud, e que se expandiram para a vida cotidiana da vigília e do sono, era uma nova concepção sobre o ser humano, sua condição física, mental e relacional. Não seria exagerado dizer que uma nova noção do que é feito o ser humano emergira da clínica do Dr. Freud e por isso arrebatou as concepções científicas da vida não patológica de maneira igualmente revolucionária quanto o modelo terapêutico do qual se desdobrava.

Enquanto os quadros de histeria traíam a anatomia da medicina moderna ao tomarem os corpos por uma dinâmica psíquica particular à história e composição de afetos de cada enferma, os esquecimentos, lapsos, erros e déjà vus pareciam nublar a memória, a ação, a linguagem de maneira mais trivial e corriqueira mas igualmente imersa numa rede de associações simbólicas em que se deslocam e se condensam pistas dos impulsos inconscientes que, de modo até então insuspeito, dirigem a vida humana.

Freud viajava de carruagem na companhia de um estranho quando aconteceu de esquecer o nome do pintor italiano Signorelli. O local de partida da viagem era Ragusa, região hoje conhecida como Dubrovnik, sul da Croácia, à beira do mar Adriático. Na época da viagem de Freud, Ragusa pertencia ao domínio Austro-Húngaro e tinha como principal língua falada o italiano. O destino era uma estação imprecisa em Herzegovina. Herzegovina é uma região no sudeste do país compreendido como Bósnia e Herzegovina [ii].

Ao não se lembrar o nome Signorelli, nomes substitutos vieram à consciência de Freud: Botticelli e Boltraffio. Dois pintores igualmente italianos se impuseram à lembrança do pintor dos afrescos do Apocalipse e do Juízo Universal que Freud queria comentar com seu companheiro de viagem, mas absolutamente não lhe serviam. A conversa, Freud nos conta, ia de um papo razoavelmente descontraído e claramente não íntimo entre costumes e práticas inusitadas de povos vizinhos e locais de visitação e apreciação de boa arte italiana. A rede de associações do nome esquecido para os nomes lembrados em seu lugar foi tema de análise e interpretação de Freud no artigo de 1898, tema que também abre a publicação em 1901 de uma extensa coleção de fenômenos semelhantes, o livro Sobre a psicopatologia da vida cotidiana – Acerca de esquecimentos, lapsos de fala, superstições e erros . A arte empregada para decifrar os motivos e processos de tais eventos é a mesma da interpretação dos sonhos; a base de conhecimento, a mesma que descortinou os fenômenos de adoecimento neurótico até então.

Sigamos com Freud na sua elucidação desse esquecimento. Não se tratava de uma familiaridade especial com os nomes ou com os pintores evocados em detrimento do esquecido. Para Freud, Signorelli lhe era tão conhecido como Botticelli, enquanto Boltraffio pouco poderia lhe dar como familiar. Deste último não saberia dizer mais que a filiação estética, enquanto dos dois primeiros, as obras e minúcias das composições lhe diziam mais e equivalente respeito. Freud buscou então a conexão que poderia haver entre os nomes lembrados e o esquecido na sequência da conversa que travava com seu companheiro de viagem e, na conversa que travava dentro de si, pelas associações inconscientes que se mobilizam à sombra da conversa dita.

Logo antes da conversa entre os dois viajantes partir para as visitações de terras italianas e chegar em Orvieto, onde se encontram os afrescos de Signorelli, conversavam sobre uma particular observação que Freud teria ouvido de um colega médico sobre o povo turco diante de um destino de adoecimento grave. Freud contava que sabia por esse colega que os turcos demonstravam especial confiança no médico e estranha resignação diante da impotência da ciência médica quando em uma condição que daria cabo da vida do indivíduo. “Herr[Senhor], o que hei de dizer? Se houvesse uma maneira de salvá-lo sei que o senhor o teria salvado” performava Freud ao seu interlocutor. A imediata aceitação da morte iminente contrastava com o tenaz inconformismo que o povo turco demonstrava diante um distúrbio sexual. “O senhor sabe como é, se isso não funciona mais, a vida não tem valor”. Essa contraposição e este segundo texto no entanto Freud não pronunciou na conversa por considerá-los de temperatura um pouco acima das amenidades que cabiam aos dois desconhecidos tratar enquanto cruzavam o território da Dalmácia. A anedota que dizia respeito à preferência pela morte a uma vida sem prazer sexual ficou apenas nos pensamentos de Freud. Foi inclusive logo deixada de lado já que o papo partiu para os destinos italianos. O destino da carruagem que levava os dois viajantes era, como se sabe, Bósnia e Herzegovina, cujos nomes iniciavam tal qual a evocação que Freud performara em sua anedota, isto é, herr(já destacado como senhor), e como os dois nomes que substituíram Signorelli: Botticelli e Boltrafio. Eis uma cadeia associativa pelas vias fonológica e semântica mas de motivação inconsciente e forjada pelo arranjo do desejo e da censura, como se irá ver.

O pensamento que Freud deixara para atrás, não concluído, interdito, não sossegou, no entanto, e se interpôs no desenvolvimento do novo assunto. Botticelli e Boltrafio diante da ausência de Signorelli faziam emergir aquilo que parecia querer se continuar pensando. Nesse entre línguas, o embaralhar de nomes próprios revelaram de maneira cifrada, como é próprio dos lampejos do inconsciente, uma constelação cujas diversas associações faziam figura para os temas da morte e da sexualidade.

Freud conta que, poucas semanas antes da viagem a Bósnia e Herzegovina, havia estado em uma cidade de nome Trafoi onde recebera a notícia de um triste acontecimento: o suicídio de um paciente que lhe havia dado especial trabalho. A notícia continha ainda o motivo do ato à morte: um distúrbio sexual incurável. Freud relata que o fato trágico e assuntos diretamente a ele relacionados não foram lembrados por ele durante a viagem à Dalmácia mas reconhece no entanto estar sob efeito da notícia e seus desdobramentos. Estar sob efeito de algo que não emerge à consciência, ora, é justamente ao trabalho fora das vistas da vigília que as forças inconscientes se dedicam permanentemente e simultaneamente às tarefas, ações e pensamentos da consciência. Reminiscências de diferentes cenas de locais e tempos distintos impediram que a conversa seguisse o rumo da vontade de Freud. No ato falho o sujeito da vigília é tomado de assalto pelo seu desejo inconsciente que encontra um modo obtuso de se revelar. O que pode ser reconhecido como determinismo psíquico.

O ato de vontade de Freud foi seguir o assunto sobre as pinturas italianas de Orvieto a fim de não lembrar os acontecimentos e afetos ligados a Trafoi. Interrompeu a conversa sobre os costumes turcos quando pensou na segunda anedota; à opção pela morte decorrente da impossibilidade de prazer tanto a anedota quanto a notícia de seu paciente aludiriam. O recalque dessa cadeia de pensamentos no entanto não se efetuou de maneira completa, uma vez que os nomes evocados por ocasião do esquecimento rememoravam o que se queria esquecer, conforme o próprio Freud nos aponta. A obturação do nome Signorelli satisfez o desejo de esquecer em lugar deslocado, e deu espaço para lembrar o que se queria ser pensado de forma cifrada. Sig, que está contido em Signorelli, é também a forma com a qual Freud assinava suas correspondências com Fliess, e foi, conforme vários comentadores já assinalaram, justamente o elidido, o eu consciente de Sigmund, se poderia pensar. As enunciações ditas falhas do ponto de vista da consciência vigilante são bem-sucedidas do ponto de vista do desejo inconsciente e engenhosas e criativas do ponto de vista da negociação entre recalque e consciência.

O recalque opera diante de uma intensidade tal de afeto em que entram em conflito um conjunto de pulsões, nomeadas por esse tempo entre pulsões de autoconservação e pulsões sexuais. Diante deste conflito e de tamanha intensidade, se funda (e se refunda sempre) a instância inconsciente para a qual é sobrepujada a representação que se faz inconciliável no jogo de forças entre o eu e o desejo, digamos por ora assim. O afeto, no entanto, permanece em circulação e acaba por pegar uma carona entre o corpo e o psíquico de forma a se religar a uma representação que lhe faça algum sentido; ainda que este sentido venha em aparência distorcida como vem nas formações inconscientes. São efeitos de censura ao mesmo tempo que de expressão de desejos as formações inconscientes - os sintomas, os sonhos, os atos falhos, os chistes. Na histeria o modo de adoecimento despreza a anatomia e a fisiologia do corpo em favor de um corpo constituído nos processos de representação psíquica. Se o sintoma neurótico é feito de reminiscências o ato falho também é. Nexos perdidos, representações dissociadas dos afetos que mobilizam engendram conflitos que tomam expressão sintomática de diferentes formas, intensidades e custo psíquico.

O ato falho é uma formação de compromisso mais vantajosa no que concerne à economia psíquica do que um sintoma, não é preciso dizer. Talvez porque lide com uma intensidade de desprazer de forma mais homeopática. Menos custoso do que uma disfunção no corpo (sintoma histérico), uma série de ações ou pensamentos em repetição (sintoma obsessivo), ou um terror diante de um espaço ou objeto (sintoma fóbico), o ato falho é um episódio de efeito pontual e, muitas vezes, partilhado coletivamente. Enquanto no sintoma a satisfação libidinal “apresenta uma modificação corporal, isto é, uma ação interna em vez de externa, uma regressão em lugar de ação” [iii], no ato falho o encaminhamento do conflito ganha um movimento menos alienante do indivíduo nele próprio. O ato falho traz consigo o riso, o constrangimento e/ou o espanto pelo carácter inusitado e trivial em que se tece. A cena aqui é cotidiana, provavelmente coletiva. Há uma testemunha diante da qual o efeito do ato falho completa o seu sentido.

A publicação de Freud de 1901, Psicopatologia da Vida Cotidiana, dá a ver de forma ampla, clara e pormenorizada que a dinâmica do inconsciente, do desejo, do conflito e do recalque estão em todos, não apenas no adoecimento e não somente ao dormir. Demonstra que as hipóteses que sustentam a sua metapsicologia não são nada distantes do homem comum. Reforça a tese do continuum entre adoecimento e normatividade psíquica. Demonstra, a quem se debruçar sobre fenômenos vividos no dia a dia, as noções de sentido e de singularidade desses fenômenos e suas relações com a biografia de afetos, eventos, memórias e valores de cada um; consequentemente, a impossibilidade de se admitir leis gerais para decifrar signos psíquicos. Demonstra ainda a necessidade do método associativo e interpretativo na elucidação da formação inconsciente.

Enquanto a importância da divulgação desse saber assume um passo importante na aceitação da psicanálise, sua legitimidade enquanto ciência, terapêutica e saber sobre o homem, a banalização da mesma também entra em jogo. Contra a vulgarização da psicanálise, no que diz respeito aos atos falhos, Freud nos adverte para dois pontos: primeiro, que nem todo esquecimento, lapso, erro podem ser tomados como ato falho no sentido por ele formulado - isto é como motivações de desejos inconscientes e turvados por efeito da censura da consciência, mas sobretudo, que o sentido por trás de tais eventos está indissoluvelmente imbricado na experiência vivida (história), sentida (afetos) e pensada (representada) pelo indivíduo acometido por tais eventos. Segundo, e derivado do primeiro, embora o riso e o constrangimento sejam partilhados, a interpretação genuína de um ato falho não prescinde da análise singular, e muito se induz ao erro aquele que se presta à análise cotidiana selvagem nestas cenas; embora seja feito o tempo todo e a graça do constrangimento passe também por aí.

Mas afinal de que noção de indivíduo se trata, esse que parece assujeitado a uma série constelar num céu noturno sempre presente e particular? Da hipótese do inconsciente de Freud, o indivíduo cindido entre consciência e inconsciente, razão e assujeitamento, presente e passado toma o nome de sujeito na teoria lacaniana. Lacan retomou o termo já difundido na filosofia, na linguística mas o precisa em termos do sujeito do inconsciente. Mais de um século após a clivagem do eu demonstrada por Freud e metade desse tempo desde a difusão do termo sujeito por Lacan, nos vemos diante de um amplo discurso científico e cultural que pouco ou nada reconhecem das forças não conscientes que conduzem a vida humana. No campo da cultura, por exemplo, a noção de sujeito tomou inclusive um rumo oposto. Tal como em teorias sociológicas e práticas educativas, como nos descreve a psicanalista contemporânea Maria Cristina Kupfer (2010), o termo assume uma torção do sentido psicanalítico. Da ideia de singularidade do indivíduo deriva uma noção de singularidade que deva ser manifesta e expressa livremente; o indivíduo-sujeito-racional se torna aquele que preza por seu grito de liberdade, de autonomia e se vê senhor da sua história individual e coletiva. Como é bem conhecido da cultura do nosso tempo, nas áreas da educação, das ciências humanas, da economia liberal e do materialismo histórico, o sujeito em voga é aquele orientado pela razão, ponderação, dono de sua ação e consciente de suas escolhas. Kupfer remonta a Aristóteles para nos lembrar que a tradução latina de subjectum nos ajuda na bifurcação que a psicanálise propõe: “(Subjectum significa) aquilo que está deitado, embaixo, subjacente, que jaz ao fundo”[iv]. E complementa:

“Este elemento subjacente [subjectum] não está imóvel, e não é de modo algum uma substância. (...) É um campo em repouso, mas não muito em repouso, um campo que está furtivamente embaixo, que exige a provocação da palavra, no entredois, no intervalo, que não está nem em uma pessoa nem em outra, e que define a interface na qual nos movemos para falar”. (Kupfer 2010, p.267)

O empreendimento freudiano que girou o tempo em que viveu - ao mover o olhar sobre o mundo visível para a escuta de um mundo invisível, da técnica do classificar para o sondar, do foco em um alvo preciso para a atenção a um campo onde as coisas flutuam, da autópsia para as constelações simbólicas -ainda se faz em curso. Não é nem um pouco estranho a nós, uma sociedade transferida com a figura do médico, representante por excelência de um saber cujo primado é da visão e no qual relações de causa e efeito se pretendem a responder sobre quase tudo, que formações inconscientes tomem um ar sinistro e até mesmo aterrorizante ao mesmo tempo em que suas “explicações” possam soar duvidosas ou fugidias. Uma pessoa sente angústia hoje e mais provavelmente marca uma consulta médica ao invés de ler um poema, ir a um teatro, um concerto. As formas de organização social da vida contribuem de sobremaneira ao modo como as pessoas se posicionam subjetivamente e buscam aplacar ou dançar com suas vertigens. Como se viu, é legítimo o temor, dada a potência do jogo de forças por trás do que podemos vigiar e controlar. E pior, “não se trata apenas de supor a existência de conteúdos desconhecidos por nossa própria consciência, (...) mas a fabricação de um desconhecimento ativo realizado pela consciência” [v]. Nesse ponto o caso Signorelli é exemplar. Ilustra também que não há imunidade para os assaltos do inconsciente. A fuga ou a evitação são tragicamente impossíveis para o metrum humano. O que parece restar: contemplar, divertir-se sempre que possível e conhecer-se a matéria do que se é feito. E, claro, espreitar de tempos em tempos as figuras que habitam nossos céus.



São Paulo, novembro de 2018



Referências bibliográficas

Freud, Sigmund. Obras completas, volume 13: Conferências introdutórias à psicanálise (1916-1917) .São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

Freud, Sigmund. Sobre a psicopatologia da vida cotidiana – Acerca de esquecimentos, lapsos de fala, enganos, superstições e erros. Porto Alegre: L&PM, 2018.

Kupfer, Maria Cristina. O sujeito na psicanálise e na educação: bases para a educação terapêutica. Educação e Realidade, 35(1): 265-281, 2010.

Nunes, Silvia Alexim. A psicopatologia da vida cotidiana como Freud explica . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

Ogden, Thomas H. Três formas de pensar: pensamento mágico, pensamento onírico e pensamento transformador in O Psychoanalytic Quaterly: artigos contemporâneos de psicanálise. São Paulo: Escuta, 2016.



[i] Graduada em Ciências Sociais. Fonoaudióloga, membro da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, estagiária no Centro de Educação Terapêutica Lugar de Vida. Aluna do 2o ano do curso Clínica Psicanalítica: Conflito e Sintoma do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.

[ii] “A Herzegovina nunca obteve autonomia, permanecendo sempre como região da Bósnia ou do estado que a subjugasse. No entanto, devido a acordos políticos do século XIX, decidiu-se que a região da Herzegovina deveria sempre ser mencionada no nome da Bósnia, o que deu origem ao nome Bósnia e Herzegovina.” Wikipedia, 4/11/18.

[iii] Freud 2014, p. 486.

[iv] Kupfer, 2010.

[v] Idem ibidem




 
 
Departamento de Psicanálise - Sedes Sapientiae
Rua Ministro Godoi, 1484 - 05015-900 - Perdizes - São Paulo - Tel:(11) 3866-2753
www.sedes.org.br/Departamentos/Psicanalise/