RUBIA DELORENZO[1]
O sono sempre célere já não chega para fechar as pálpebras pesadas para o descanso.
Nos olhos abertos, secos e insones, as imagens de outrora retornam.
Sentimentos confusos nos convulsionam.
Vamos sobreviver?
Notícias chegam na calada da noite.
Mais um caiu.
É urgente.
Sair pelos fundos.
Descer correndo as escadas.
Um coração taquicárdico.
Sumir do trabalho, desaparecer por uns dias, pedir abrigo em improváveis lugares.
Carta roubada.
Esconder-se no topo da montanha ou ao pé do mar.
Para não perder de vista a paisagem.
Para ter sempre em vista um horizonte.
Pessoas lamentam a falta de sono, a abundância de choro.
“O pânico que sinto não chega a vocês? Essa voz quebrada, esse tanto de gente chorando? Cadê?”
Nuno Ramos, obrigada por gritar.
Outubro - 2018
[i] Psicanalista. Membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.