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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    49 Abril 2019  
 
 
HOMENAGEM

EM HOMENAGEM A ANNA VERÔNICA MAUTNER


LUCÍA BARBERO FUKS [I]


Escrevo as seguintes linhas como contribuição às homenagens do Departamento de Psicanálise frente à morte de Anna Verônica Mautner, ocorrida em 30 de janeiro de 2019 e muito sentida por todos nós. Não é fácil escrever sobre uma amiga tão multifacetária como ela. Por isso achei que o mais adequado seria transmitir algumas das suas ideias incluindo suas próprias palavras.


Anna Verônica nasceu em Budapeste, na Hungria, em 1935. Sua família migrou para o Brasil um pouco antes da Segunda Guerra Mundial. Estudou Ciências Sociais na USP.

Havendo sido discípula e paciente de José Ângelo Gaiarsa, fundou o curso de Psicoterapia reichiana do Instituto Sedes Sapientiae. “Fiquei por vinte anos no Sedes onde tinha criado e coordenado o Curso de Terapia Corporal”. A respeito desse curso afirma o seguinte: “A ideia que nos norteava era a de que também o corpo constituía uma via régia de acesso ao inconsciente, e não só o sonho, o lapso, o ato falho e o esquecimento.”

Depois entrou na Sociedade de Psicanálise, na qual permaneceu até o fim, mantendo, porém, sua modalidade pessoal de não se enclausurar nos modelos tradicionais. “A liberdade e a autonomia proposta à mente do analisando no processo analítico correspondiam a meu ideal de relacionamento. É aí que me encanto e me ufano da psicanálise. É o igualitário na diferença que percebo como ideal a ser alcançado.”

O livro organizado por Regina Favre Fragmentos de uma vida(Ágora, 2018), que contém muitos escritos da própria Anna Verônica, é bem interessante porque frente à pergunta “O que fez de você a mulher moderna que é?” Anna Verônica inicia uma viagem para o passado recuperando muitos fragmentos de sua vida, o que dá ao leitor a sensação de acompanhá-la nessa viagem.

Nas conversas com a Regina, fica claro que ela prefere contar sua história em primeira pessoa. Penso que ela fez isso de diferentes formas, através de suas crônicas na Folha de São Paulo, por exemplo.

“O cronista é o cara que, além de saber escrever, optou por comentar o que observa e percebe. É parte da sua vida, na qual ele, como qualquer um, pode ser livre e desimpedido para ver e sentir”.

São muitas as lembranças e as reflexões que elas me suscitam, mas penso que os ditos que aqui recolhi a representam.

Março de 2019.



[i] Psicanalista. Membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, onde é professora do Curso de Psicanálise e co-coordenadora do curso Clínica Psicanalítica: Conflito e Sintoma.




 
 
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