SÉRGIO TELLES [1]
Luís Claudio Figueiredo, Mania Deweik e Renato Mezan na mesa de abertura
Para nós da Percurso, o clima de festa, alegria e confraternização em que se deu a comemoração dos 25 anos da revista foi algo especialmente gratificante, que nos fez sentir recompensados pelos anos de trabalho, dedicação e solidariedade desenvolvidos por um grande número de colegas que integraram e integram as diferentes equipes de produção da revista.
A Percurso é sem dúvidas uma das mais importantes revistas de psicanálise do Brasil e um dos cartões de visita de nosso Departamento. Nós nos regozijamos não só por sua continuidade no difícil meio das publicações psicanalíticas, mas também pela reconhecida qualidade de seu conteúdo.
O sucesso do evento não seria possível sem a perfeita integração entre os membros da revista, a Comissão Organizadora e as áreas de Publicação, Administração e Eventos do Conselho de Direção do Departamento.
As inscrições se esgotaram uma semana antes do acontecimento. Tivemos mais de 230 participantes, foi necessário recorrer a duas salas de apoio com telão para acomodar a todos. O interesse do público também se manifestou no expressivo número de assinaturas realizadas na ocasião. Assim, foram plenamente atingidos os objetivos de divulgar a revista e nosso Departamento.
O evento comemorativo dos 25 anos da revista teve como mote a homenagem póstuma a André Green, tema do número 49/50. Foi unânime a apreciação quanto à excelência dos trabalhos apresentados.
Na sexta-feira à noite, em mesa coordenada por Mania Deweik, falaram Renato Mezan e Luís Cláudio Figueiredo, após o que foi apresentado o vídeo realizado por Ana Helena Staal de uma palestra de Litza Green, viúva do homenageado, sobre a obra do mesmo.
No sábado tivemos a mesa coordenada por Miriam Chnaiderman, com Christian Dunker, Décio Gurfinkel e Octavio Souza, seguida da mesa coordenada por Janete Frochtengarten, com Thalya S. Candi, Silvia Alonso e Fernando Uribarri, após o que foi apresentado o vídeo de uma entrevista que este realizou com o próprio Green.
Aspectos da história da Percurso foram lembrados por Mania Deweik, Miriam Chnaiderman, Janete Frochtengarten e Renato Mezan.
De nossa parte, parece-nos justo reconhecer a importância de Renato, que no correr desses anos esteve sempre presente, ajudando direta ou indiretamente o trabalho coletivo de construir a linha editorial da revista.
Como deixaram claro os artigos do último número da revista e os palestrantes, André Green ocupa hoje um lugar especial na psicanálise francesa e mundial. Numa França dominada pelo lacanismo sectário militante do qual se afastara, Green se volta para a psicanálise inglesa, dialogando com Melanie Klein, Winicott e Bion, mantendo-se fiel a suas origens continentais gaulesas.
Como foi ressaltado por Luís Cláudio Figueiredo, o importante ao se estabelecer ligações entre diferentes escolas de pensamento é evitar o ecleticismo, a bricolagem. É necessário conhecer a organicidade de cada teoria, o lugar e o peso de cada conceito em sua estrutura interna para poder efetivamente articulá-los com outro corpo teórico. É isso que André Green fez com grande competência.
Christian Dunker nos deu uma palestra erudita e exigente, enquanto Octavio Souza fez um saboroso depoimento de sua descoberta de Green. Cada um à sua maneira mostrou o papel integrador de Green, que lhes fez ver que a psicanálise não começava e terminava com Lacan. Décio Gurfinkel, Thalya S. Candi e Silvia Alonso mostraram a importância clínica de Green e Fernando Uribarri nos brindou com uma excelente síntese do pensamento daquele autor.
Para concluir, tivemos um evento estimulante e integrador, que consolidou a identidade da Percursocom o Departamento, e que deu oportunidade para constatar nossa proximidade com o pensamento de André Green, na medida em que lutamos igualmente por uma psicanálise pluralista, não dogmática e nem sectária.
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[1] Membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.