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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    56 Outubro 2020  
 
 
NOTÍCIAS DO DEPARTAMENTO

CONVOCATÓRIA PARA ASSEMBLEIA DO DEPARTAMENTO DE PSICANÁLISE [1]



CONSELHO DE DIREÇÃO 2019/2020



Aos colegas membros e aspirantes a membro do Departamento de Psicanálise,

Vimos propor esta Assembleia, em 23 de outubro próximo, com o propósito de apresentar – para pensarmos juntos – uma questão presente há tempos no interior da dinâmica do Departamento de Psicanálise; questão que, na compreensão desta gestão, tem um teor fundamental. Entendemos ser um tema pontuado de modo recorrente, inclusive na última assembleia. Contudo, nos parece que, agora, em especial, precisamos abrir espaço para aprofundar tal discussão, a fim de construirmos caminhos criativos para lidar com o cenário no qual todos nos encontramos.

Nos últimos anos constatamos um crescimento significativo de nosso Departamento. Hoje o Departamento é composto por 03 dispositivos (Comissão de Admissão, Conselho de Direção, Incubadora de Ideias), 29 Grupos de Trabalho (descritos no nosso site), 03 cursos (Clínica Psicanalítica: Conflito e Sintoma, Psicanálise, Psicopatologia Psicanalítica e Clínica Contemporânea) e 04 publicações (Blog, Boletim Online, Psicanálise no Mundo, Revista Percurso). Ao Grupo de Transmissão e Estudos de Psicanálise – GTEP – que comporta vários grupos de formação Brasil afora, e à filiação à Federação Latino-americana de Associações de Psicoterapia Psicanalítica e Psicanálise – FLAPPSIP – a qual nos possibilitou uma ampliação de horizontes bem além de nossa inserção local, somam-se ainda nossos eventos, significativamente mais abrangentes, dada a possibilidade de realização virtual, por meio do canal do Instituto no YouTube. Todos sabem o quanto as áreas de Publicações e de Eventos também se mantiveram investidas e criativamente produtivas.

Os Grupos de Trabalho, tanto da Área de Formação Contínua quanto da Área Clínica, vêm realizando seus propósitos de maneira fecunda, seja da perspectiva de suas reflexões teóricas, seja no que tange a seus projetos específicos. Inclusive, em alguns grupos, projetos foram transformados em intervenções, articulando-se, por isso, a duas ou mais áreas do CD. Isso tudo nos fala de um Departamento vivo, pujante, que permite circulação e espaços de pertinência aos membros e aspirantes a membros.

Entretanto, a nós surpreende e inquieta o quanto os espaços coletivos de discussão e proposição de políticas para o Departamento são frequentados por um número de membros quase que constante e pequeno em relação ao total de membros existente. E é evidente a dificuldade – repetida a cada gestão! – na ocupação das posições de articuladores das áreas no Conselho de Direção. Inclusive, nesta gestão, manteve-se a vacância do articulador da Área de Publicações.

Desse modo, nos percebemos vivendo uma contradição. Por um lado, o CD é a instância diretiva instituída para, entre outras ações:

1) cuidar das políticas decididas pelo coletivo;
2) sustentar um modelo de funcionamento capaz de colaborar tanto para a autonomia de todos os vários grupos quanto para as articulações entre eles e interinstitucionalmente;
3) responder pela administração das finanças, orquestrando e trabalhando para o andamento e manutenção do Departamento;
4) processar problemáticas políticas delicadas e importantes – tal como na última assembleia, quando o CD foi reconhecido enquanto instância destinatária legítima para deliberações relativas a todas as questões surgidas;
5) estabelecer e dar prosseguimento às relações entre o Departamento e o Instituto Sedes.

Por outro lado, contudo, o CD tem sido um lugar de pouca disposição e investimento por parte dos membros em geral. Da mesma maneira vale assinalar que a Comissão de Admissão também está conduzindo seu trabalho com déficit de membros integrantes, apesar de ter recebido um aporte significativo de participantes na última assembleia.

Estamos em um momento de transformação, não apenas em relação ao já exposto acima, mas, sobretudo, pelas questões trazidas pela contemporaneidade e pelas mudanças em movimento no campo social. O perfil de nossos alunos mudou, nossa clínica se propõe para além das quatro paredes dos consultórios e salas das diversas instituições em geral; hoje ela frequenta rodas de conversa, praças públicas e cria novos dispositivos de escuta. Entre nós, o que reafirma esse movimento é o fato de sermos um Departamento marcado, na sua história de fundação, pelo ato de pensar uma psicanálise implicada com as políticas sociais, compromissada com a democracia e com uma ética intransigente frente a qualquer ataque aos direitos humanos. E percebemos que as questões identitárias são cada vez mais pulsantes, nos levando a refletir sobre a imperiosa necessidade de propor políticas transformadoras, enfatizando, assim, um Departamento mais diverso tal como o queremos.

Como seguir de maneira coerente, sustentando a nossa Carta de Princípios – renovada por um olhar atento à conjuntura que estamos atravessando no nosso país – sem que membros se disponham a sustentar e desenvolver o trabalho relativo à condução da sua própria instituição? É importante, e agora, em especial, com o Departamento assim tão grande, reposicionarmos nossa rede matricial de sustentação do pertencimento.

O Conselho de Direção jamais foi ou deve ser entendido como um órgão burocrático ou simplesmente executivo. Seu lugar é de importância capital para o acontecer dessa criação incessante do Departamento como um conjunto de psicanalistas atentos para não incidir na burocratização de suas atividades, numa espécie de pertencimento automatizado.

O fato notável do não investimento nos trabalhos do CD, por parte relevante de seus membros, repetindo-se há longo tempo, nos interroga com perguntas cujas elaborações só podem ser levadas adiante em dois níveis interligados: pelo conjunto dos membros e pelo conjunto dos grupos em atividades. Decidimos, pois, numa atitude política afirmativa, trazer essas questões para esta assembleia:

1) Por que o pouco investimento de desejo neste lugar criado para articular as políticas instituintes e institucionais do Departamento?
2) E, considerando o tamanho e estrutura que nosso Departamento possui atualmente, além de percebermos com frequência a existência de uma distância significativa entre o que acontece nos grupos de trabalho e o que chega ao CD, enquanto órgão articulador, nos perguntamos: atualmente, este modelo diretivo responde pela melhor forma de condução para nosso Departamento? Estaríamos no momento de mudarmos nossa forma de organizar as conduções de nossas políticas?

Em brevíssimo tempo este CD encerrará sua gestão. Já é momento de começarmos a definir os participantes da gestão 2021/2022.

Os membros do Departamento devem todos saber que para ele se sustentar dentro de seu ritmo, com a sofisticação de que desfruta hoje, algum modelo efetivo e participativo de direção é imprescindível: sem isso colapsaremos rapidamente no gerenciamento dessa rede viva e complexa, hoje sinônimo do nosso Departamento de Psicanálise.

A transmissão para o próximo CD é muito importante, tendo sido inclusive destacada pela Diretoria do Instituto como imprescindível para a boa articulação institucional. O Departamento tem longa história, expandiu-se em várias direções; quem chega ao CD leva um período para compreender e se apoderar da dinâmica de funcionamento e de todas as relações nela intrincadas. Por isso mesmo, o colegiado que compõe este Conselho considera importante podermos abordar, desde agora, essa mudança que se avizinha a fim de transmitir o aprendizado desta gestão para a próxima.

Gostaríamos de iniciar o processo de passagem partilhando nossas elaborações, sinalizando ou delineando articulações que, em algum grau, demandam prosseguimentos na próxima gestão. E, fundamentalmente, gostaríamos de trocar ideias sobre o modelo de gestão deste Departamento frente às questões abordadas.

Sua participação é decisiva! Sexta-feira, 23 de outubro, das 18h45 às 22h.

Link de acesso: https://zoom.us/j/98117753390?pwd=dldkUTh6Rzl6ZGNyNW5LdEIrR2RpUT09
ID da reunião: 981 1775 3390
Senha de acesso: 689604

Até lá!





[1] Originalmente publicado no CDI 226, de 24 de setembro de 2020.




 
 
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