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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    47 Setembro 2018  
 
 
NOTÍCIAS DO DEPARTAMENTO

ATAQUE À DEMOCRACIA: DO DESCASO DOS DIREITOS ÀS PATOLOGIAS SOCIAIS


MÁRCIA RAMOS [i]

TIAGO CORBISIER MATHEUS [ii]



Nosso Departamento foi chamado a compor o Encontro Psicologia e Educação (EPE) em parceria com o Laboratório Interinstitucional de Estudos e Pesquisas da Psicologia Escolar (LIEPPSI) da USP, que se deu sob o tema A democratização da educação em meio a retrocessos.

Diante da demanda e desafio de pensar a educação de uma perspectiva do sujeito psíquico, nos arranjos complexos e desiguais da contemporaneidade, nos dispusemos a estabelecer uma modalidade de diálogo que permitisse maior participação de nossos interlocutores e, de algum modo, já problematizasse os modelos tradicionais de produção de conhecimento.

Propusemos que nosso encontro fosse realizado como uma roda de conversa. Levamos os temas que trabalhamos para a discussão e os oferecemos como um cardápio para a conversa:
- contemporaneidade;
- patologias e sintomas sociais;
- adolescências e juventudes;
- o desafio de políticas públicas intersetoriais.

Pedimos que elegessem entre estes os temas que preferiam abordar, para então trazermos nossos aportes e seguirmos numa construção compartilhada.

A atividade estava marcada para o horário posterior ao almoço e a sala foi ocupada gradualmente, de modo que alguns entraram após as consígnias da conversa e, desavisados, por vezes mostravam estranheza diante da situação menos usual para um colóquio.

O grupo era composto prioritariamente por profissionais recém-formados da psicologia e educação. Suas escolhas no cardápio oferecido privilegiaram as patologias e retrataram uma dimensão cotidiana de sua atuação. Queriam saber ou falar dos casos atendidos, seja em unidades da saúde, seja nas escolas ou instituições de assistência social. Ao nosso ver, buscavam recursos que lhes permitissem pensar sobre seu cotidiano profissional.

Foram cerca de duas horas de conversa, a partir da qual pudemos constatar a premência de uma reflexão sobre os impasses que um cenário social de crise política e institucional traz para os cidadãos e os profissionais das subjetividades que os atendem. Lembramos de autores que a partir da psicanálise já se dispuseram a pensar situações de crise econômica e social, como Hélio Pellegrino e Jurandir Freire Costa, constatando que seus esforços nos são particularmente úteis, no atual momento, para pensar os efeitos produzidos na subjetividade pela crescente desigualdade social e pelo desmonte de conquistas, tímidas ou não, em favor da construção de um Estado de bem estar social. Consideramos que a possibilidade de escutar profissionais que se debruçam sobre a angústia cotidiana dos cidadãos e nos dispormos a refletir, de modo mais horizontal e interativo, permitiu alimentar alguma esperança num cenário social tão hostil como este que enfrentamos, no pós golpe.



[i] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.

[ii] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, professor do curso de Administração Pública e pesquisador do Centro de Estudos em Administração Pública e Governo (CEAPG) da Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP).




 
 
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