Fundamentação
Vivemos hoje um tempo de excessos, em que impera o imediatismo, o consumismo desenfreado, o descartável em um tempo acelerado. Na contramão, a psicanálise resiste. Como pensar a constituição psíquica hoje? Como promover a simbolização em tempos vertiginosos, onde “tudo aqui e agora” obturam os tempos e processos necessários de constituição do sujeito?
Percebemos o mal estar do nosso tempo associado aos excessos narcísicos, ao isolamento, aos imperativos de gozo, à força dos ideais. Na clínica, vemos uma predominância das neuroses narcísicas, adicções, patologias do vazio, configurações borderline. Para o psicanalista, um dos desafios que se impõe diz respeito a como trabalhar com pacientes que apresentam uma configuração psíquica pobre na sua função de representação e com um predomínio de atuações. Nesse campo, um dos desafios a que os psicanalistas estão expostos dizem respeito muitas vezes a como sintonizar a escuta e a interpretação que já não busca revelar um sentido oculto, mas construir um primeiro sentido para algo que insiste em se apresentar.
Como acompanhamos estas questões na clínica psicanalítica com crianças? As modalidades de sofrimento da criança de hoje em muito se distanciam dos dilemas vividos pelo Pequeno Hans (Freud, 1909). Como afinar a nossa escuta e a nossa prática diante das inevitáveis transformações culturais? E quais os impactos dessas transformações na subjetividade das crianças do nosso tempo?
O emblemático jogo do Fort-Da é uma conquista cultural da criança que pode se armar do jogo simbólico para atravessar as angústias e os sofrimentos inerentes à infância (Freud, 1920). Diante das transformações do nosso tempo, somos impelidos a indagar: como trabalhar com crianças quando a possibilidade de brincar não se constituiu ou está interrompida? Quais os caminhos que encontramos para trabalhar com crianças em que o corpo é tomado como forma de expressão do sofrimento que ainda não pode ser psíquico? Como lidamos com as questões de gênero que tem se apresentado cada vez mais cedo na infância? O que pensamos sobre a presença excessiva dos dispositivos-tela (tablets, celulares, televisão, etc.) no cotidiano de bebês e crianças e de que maneira estes podem impactar a construção da subjetividade? Quem são os pais das crianças de hoje e quais são os desafios no trabalho que se extende a eles? Como elaborar políticas públicas, trabalhar em espaços públicos, em instituições e em equipes multidisciplinares contemplando este tema?
Eixos temáticos
HISTÓRIA E CULTURA
CLÍNICA DA PRIMEIRA INFÂNCIA
FORMAS DE EXPRESSÃO DO SOFRIMENTO NA INFÂNCIA
O TRABALHO DE REPRESENTAÇÃO
A ESCUTA PSICANALÍTICA NA CLÍNICA AMPLIADA
▪ Brincar como fenômeno cultural
▪ Presença da tecnologia em nossas vidas
▪ Modalidades de preenchimento do tempo
▪ Intervenção precoce
▪ Jogos constituintes do sujeito
▪ Psicossomática, corpos e subjetividade
▪ Melancolia na infância
▪ Questões de gênero
▪ Impulsividade, agressividade
▪ Brincar
▪ Construções em análise
▪ Vias de simbolização
▪ O sofrimento da criança e o trabalho em instituições
▪ Acompanhamento terapêutico
▪ Políticas públicas no atendimento à criança
Palestrantes
Bernardo Tanis
Psicanalista. Presidente da SBPSP, Doutor pelo Núcleo de Psicanálise da PUC-SP. Membro efetivo da SBPSP e docente do Instituto de Psicanálise. Editor da Revista Brasileira de Psicanálise (2010-2014). Diretor de Comunidade e Cultura da FEPAL (2008-9). Foi docente dos cursos de especialização em Teoria psicanalítica PUC-SP e do Curso de especialização Psicanálise da Criança do Instituto Sedes Sapiente do qual foi Coordenador. Autor dos livros: Memória e temporalidade: sobre o infantil em Psicanálise, Circuitos da Solidão: entre a clínica e cultura, organizador junto com Magda Khouri de Psicanálise nas tramas da Cidade (Ed. Casa do Psicólogo) e junto com Eliana Rache organizador da coletânea René Roussillon em América Latina (Ed. Blucher) além de artigos em diferentes publicações.
Julieta Jerusalinsky
É psicóloga pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1993), especialista em Estimulação Precoce pela F.E.P.I (Fundación para el Estudio de los Problemas de la Infancia -Argentina,2000); mestre (2003) e doutora (2009) em psicologia clínica pela PUC-SP; membro docente da Clínica Interdisciplinar Centro Lydia Coriat de Porto Alegre/RS e membro clínico da Clínica Prof. Dr. Mauro Spinelli/SP; psicanalista membro da APPOA (Associação psicanalítica de Porto Alegre); supervisora clínica e institucional na área técnica de “detecção, intervenção e estimulação precoce” do Espaço Escuta (londrina – PR, desde 2003) e do CISMEPAR (consorcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema- centro Mãe Paranaense, Londrina, PR, desde 2013); Participou da Pesquisa IRDI (de 2000 a 2006); é professora do Cogeae/PUC-SP e do Centro Lydia Coriat nos cursos de especialização em “Teoria Psicanalítica”(desde 2008), “Estimulação Precoce: clínica interdisciplinar com bebês” (desde 2003), “Psicomotricidade” e “Clínica interdisciplinar dos problemas do desenvolvimento infantil” (desde 2000); autora dos livros Enquanto o futuro não vem – a psicanálise na clínica interdisciplinar com bebês (Ágalma, 2002); A criação da criança: brincar, gozo e fala entre a mãe e o bebê (Ágalma, 2011); organizadora de Travessias e travessuras no acompanhamento terapêutico (Ágalma, 2017) e organizadora conjunta com A. Baptista de Intoxicações eletrônicas – o sujeito na era nas relações virtuais (Ágalma, 2017).
Leda Bernardino
Psicanalista, membro fundador e analista membro da Associação Psicanalítica de Curitiba, professora titular aposentada da PUCPR, doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP, pós-doutora em Tratamento e Prevenção Psicológica pela Université Paris 7, pesquisadora FAPESP, autora do livro As Psicoses não Decididas da Infância: um Estudo Psicanalítico, co-autora e organizadora dos livros Neurose Infantil versus Neurose da Criança; Psicanalisar Crianças: que desejo é esse?; O que a Psicanálise pode ensinar sobre a Criança, Sujeito em Constituição; co-autora e co-organizadora dos livros O Bebê e a Modernidade: concepções teórico-clínicas; Psicanálise e Ações de Prevenção na Primeira Infância; Rumo ao Sujeito: a Metodologia IRDI nas Creches; atualmente exercendo prática clínica em São Paulo.
Wagner Ranña
Pediatra, Psiquiatra, Psicanalista, Mestrado pela Faculdade de Medicina USP, Membro do Departamento de Psicossomática Psicanalítica do Instituto Sedes Sapientiae, Membro do Departamento de Psicanálise com Crianças do Instituto Sedes Sapientiae, foi Coordenador do Projeto Hospital Aberto da PMSP, Coordenou Projeto Para Inclusão de Crianças com Psicopatologia Grave nas Escolas da PMSP, Ex-assistente do Serviço de Psiquiatria e Psicologia do Instituto da Criança do HC-FMUSP, ex-docente da Residência de Medicina de Família e Comunidade da FMUSP, co-organizador e autor da série Psicossoma, autor de trabalhos em Psicoterapia Conjunta Pais-bebês, membro da ABEBE.
Comissão Organizadora
Ada Morgenstern
Carisa Almeida
Clarissa Ferreira Martins
Fernanda Arantes
Julia Eid
Ligia P. Silber Rabinovitch
Maria Engracia Perez
Patrícia Vaz Prudente Correa
Comissão Científica
Angela May
Maria do Carmo Vidigal Meyer Dittmar
Maria José Porto Bugni
Maria Luiza de Assis Moura Ghirardi
Mary Ono
Fundamentação
Palestrantes
Comissão Organizadora
Comissão Científica