A CONSTRUÇÃO SIMBÓLICA NO SUJEITO CONTEMPORÂNEO
Fernanda Isabel Dornelles Hoff
Sigmund Freud Associação Psicanalítica - Porto Alegre RS
Eixo temático – O TRABALHO DA REPRESENTAÇÃO. VIAS DE SIMBOLIZAÇÃO.
RESUMO
Proponho uma reflexão sobre a construção do sujeito psíquico, considerando a sua posição enquanto ser social necessitando relacionar-se com o outro, desde seus objetos primordiais a quem se entrega por sua inerente condição de desamparo, até a possibilidade de definição de uma posição que implica abrir mão de outras. Refiro-me ao sujeito desejante, marcado pela sexualidade de quem lhe cuidou, com quem se identifica sendo posteriormente atravessado pelo édipo e pela castração, composição à qual dará um destino, envolto numa realidade do seu tempo que imprime marcas culturais.
Através da ação específica, promovida pelo encontro com o cuidador que aplaca as necessidades primárias, promovendo ao pequeno ser a experiência de satisfação, inscreve-se a vivência de prazer, ponto de partida do psiquismo. A estruturação subjetiva é então um produto da experiência pulsional e da experiência com a cultura humana, viabilizada pela identificação, mediada pelo semelhante.
Retomo uma observação de bebês gêmeas realizada durante minha formação psicanalítica. A mãe erotiza as bebês em momentos de troca de fraldas e ao dar-lhes a mamadeira. Se pergunta em determinado momento o que uma pensa quando olha para a outra? Para tal questionamento, é preciso que a mãe reconheça as bebês como seres diferentes entre si e, portanto, diferentes dela, assim possibilita a abertura de espaço para que as crianças constituam sua singularidade.
A diferença da posição do adulto e da criança precisa ser marcada, o sujeito que nasce, por sua condição alienante não pode identificá-la. O sujeito maduro, propõe tal diferença, precisando para tanto, ser marcado por sua cultura e pela castração.
A sexualidade impressa inicialmente fundando a pulsão, instaura um corpo erógeno e com ele a curiosidade sobre si, seus enigmas e suas falhas. A contemporaneidade por vezes obstrui tais processos no que diz respeito aos espaços e tempos necessários entre o adulto e a criança, o que ilustro com um recorte da clínica. Quando o adulto não se vê numa posição diferenciada, a experiência de satisfação não ocorre, o alívio do desprazer falha, ficando a criança entregue ao aumento de tensão que promove uma irrupção. Para que o sujeito se estruture, o processo de alienação do início da vida precisa tomar um destino, sendo para tanto necessário que o recalque entre em cena.
PALAVRAS-CHAVE: Construção Simbólica, Pulsão, Identificação, Recalcamento
Fernanda Isabel Dornelles Hoff, Psicanalista de Crianças, Adolescentes e Adultos em São Leopoldo, RS. Membro Pleno e Coordenadora do Estágio de Psicologia Clínica da Sigmund Freud Associação Psicanalítica - Porto Alegre, RS, Membro da Sociedade de Psicologia do RS.