EM BUSCA DE REPRESENTAÇÃO: A PSICANÁLISE E O TRABALHO DE SIMBOLIZAÇÃO

 

Juliana Devito

Membro Associado do Departamento de Psicanálise com Crianças do Instituto Sedes Sapientiae.

 

 

Eixo temático – A ESCUTA PSICANALÍTICA NA CLÍNICA AMPLIADA

 

 

RESUMO

 

O objetivo deste artigo é refletir sobre o atendimento psicanalítico de uma criança que apresenta graves falhas na capacidade de simbolização e como o processo analítico pode criar condições para que exista algo próprio ao sujeito que ali se encontra como nosso paciente. Nesse sentido compreendemos que o processo psicanalítico, nesse caso, tem como foco principal o trabalho da representação (eixo temático), as construções em análise e novas vias de simbolização. Para tanto serão analisados os inúmeros desenhos feitos pela paciente numa espécie de substituição do brincar que entendemos como forma de meio maleável, conceito cunhado pela psicanalista britânica Marion Milner (1900-1998), no auxílio de construções em análise e novas vias de simbolização. Essa reflexão se dará á luz da Metapsicologia da Simbolização de René Roussillon, psicanalista francês que retoma o conceito de Milner. Dessa forma pretendemos apresentar as modificações técnicas decorrentes de avanços na teoria psicanalítica a partir da Metapsicologia da Simbolização de René Roussillon, especialmente do impacto provocado pela escuta polifônica e da contratransferência. Destaca-se a importância da construção de representações daquilo que permanece como força “bruta” no psiquismo, em geral aspectos primitivos e pré-verbais, portanto sensoriais. Tais considerações têm sido acompanhadas de progressiva valorização da acuidade intuitiva do analista e seu instrumento de captação de emoções, especialmente frente aos estados mais primitivos da mente. O artigo pretende ainda refletir como o lugar que a criança ocupa no desejo dos pais contribui sobremaneira para que ela fique engessada numa posição de pouca mobilidade psíquica dificultando o trabalho de representação ou, até mesmo, contribuindo para sua falha.

 

 

PALAVRAS-CHAVE: psicanálise; representação; meio maleável; vias de simbolização.

 

 

Juliana Devito, Psicanalista, Psicóloga (PUCSP), Mestre em Psicologia Clínica (PUCSP), Membro Associado do Departamento de Psicanálise com Crianças do ISS, Membro do Grupo Acesso – Estudos, Intervenções e Pesquisa sobre Adoção da Clínica Psicológica do ISS.