CRIANÇAS E ADOLESCENTES INSTITUCIONALMENTE ACOLHIDOS COM POUCAS CHANCES DE SEREM ADOTADOS OU DE VOLTAR PARA SUA FAMÍLIA DE ORIGEM –
O QUE A PSICANÁLISE TEM A VER COM O PROGRAMA DE APADRINHAMENTO AFETIVO?

 

Marcia Porto Ferreira

 

 

RESUMO

 

Seriamente preocupada com crianças e adolescentes acolhidos, com remotas chances de serem adotados ou voltar para suas famílias de origem, Dra. Dora Martins, na época juíza da Vara Central da Infância e da Juventude, convidou em 2015 o Grupo Acesso (Sedes) para uma parceria na implantação de um projeto piloto sobre o apadrinhamento afetivo.

 

Essas crianças maiores de 7 anos, pertencentes a vinculados grupos de irmãos e com necessidades especiais precisavam contar com adultos que servissem de referência externa durante o período de acolhimento e depois dos 18 anos, quando serão institucionalmente desacolhidas.

 

O que demandam essas crianças e adolescentes, que tão escandalosamente encarnam o constitutivo e angustiante desamparo humano?

 

O que demandam sujeitos que supõem ter algo a eles oferecer que não seja serem pais adotivos?

 

Como respondermos pelo instrumental psicanalítico ao convite formulado, considerando nosso momento histórico, quando predomina a produção de subjetividades narcisistas, com precário repertório fraterno, solidário?

 

Para pensarmos essas questões convidamos permanentemente a comunidade psicanalítica, buscando pela construção de uma clínica institucional crítica e para sempre inacabada.

 

 

Marcia Porto Ferreira, Psicanalista, mestre pela PUC-SP, professora e supervisora do Curso de Psicanálise com Crianças do Instituto Sedes Sapientiae, coordenadora do Grupo Acesso – Estudos, intervenções e pesquisa sobre adoção da Clínica Psicológica do Instituto Sedes Sapientiae, autora de diversos livros e artigos.