CONSTRUIR-SE MÃE: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA COMPARTILHADA EM GRUPO DE MÃES-BEBÊS

 

Ana Carolina Linardi Munguía Payés

ONG Habitare

 

Constanza Vaz Guimarães1

ONG Habitare

 

Eixo temático – CLÍNICA DA PRIMEIRA INFÂNCIA – INTERVENÇÃO PRECOCE

 

RESUMO

 

O Centro de Atendimento, Estudo e Pesquisa em Psicanálise e Psicossomática Habitare é uma Organização não Governamental dedicada ao estudo da dinâmica psíquica da gravidez e do desenvolvimento emocional de crianças até três anos e que atua através de diversas frentes: clínica social, pesquisa , formação profissional e estudos sobre o período perinatal. Enquanto clínica social, a Habitare tem os psicanalistas Donald Woods Winnicott e a escola de Lebovici como principais interlocutores. Desenvolve projetos para o cuidado em saúde mental materno-infantil desde a gestação até os três primeiros anos da criança através da parceria com diversas instituições. O presente relato versa sobre uma experiência de acolhimento em um grupo de mães-bebês da clínica social da Habitare. Esse grupo está voltado para mães que, muitas vezes, se encontram em situação de vulnerabilidade social, não apenas pela própria condição do puerpério, se não que também pelos mais diferentes motivos, como desemprego, abandono familiar, envolvimento com drogas, dentre outros.

 

Além da experiência de vulnerabilidade social muitas vezes encontrada no grupo mães-bebês, consideramos adicionalmente que o discurso contemporâneo sobre a maternidade muitas vezes exige da mulher a responsabilidade total pelos cuidados do bebê; que ela atenda a certo sucesso profissional, que corresponda a certo ideal de forma física (o mais cedo possível após o parto) e, também, que tenha estabilidade emocional e felicidade incondicional quando da chegada do bebê. Tais exigências são incompatíveis com o espaço psíquico necessário para viver a frustração, tristeza, ódio, falta, raiva, desamparo, solidão, medo - aspectos frequentemente tidos como negativos mas que também compõe a experiência da maternidade. O cuidado no período perinatal aponta para a importância da escuta ao legitimar tais aspectos como parte da experiência humana e que, quando compartilhados em um ambiente de confiança e de não julgamento, podem restituir à mãe seu lugar de palavra para que ela esteja, assim, em melhores condições para oferecer holding a seu bebê. No presente trabalho, relataremos uma vinheta de Ariel, uma jovem mãe puérpera de 17 anos, em meio a conflitos com sua própria mãe e às voltas com a construção da maternidade vivida em plena adolescência.

 

PALAVRAS-CHAVE: maternidade; cuidado; vulnerabilidade social; holding.

 

 

Ana Carolina Linardi Munguía Payés, Terapeuta de família e casal e educadora da primeira infância. Terapeuta voluntária no grupo de mães-bebês da ONG Habitare. Mestre em Psicologia e Educação pela USP, com aperfeiçoamento em Winnicott pelo Instituto Sedes Sapientiae. analinardi@gmail.com

 

Constanza Vaz Guimarães, Psicóloga formada pela PUC-SP, aprimoramento no atendimento de criança pela PUC-SP e curso - Psicanálise com Crianças do Sedes Sapientae. Voluntária da Ong Habitare coordenando dois grupos de mães-bebês.

constanza@aerozip.com.br

 

Trabalho apresentado no XI Encontro Nacional e IX Encontro Internacional sobre o Bebê, realizado de 28 e abril a 1º de Maio de 2018.

 

1 Será a autora responsável pela apresentação do trabalho.