PISTAS SOBRE O OBJETO INTERNO ATRAVÉS DE MENSAGENS ELETRÔNICAS (EMOJIS E WHATSAPP)

 

Ricardo Gomides

Membro aspirante do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae

 

Eixo temático – A ESCUTA PSICANALÍTICA NA CLÍNICA AMPLIADA (ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO)

 

RESUMO

 

Alguns meses após o encerramento de dois anos de acompanhamento terapêutico (AT) com um menino de dez anos de idade, recebo em meu celular uma série de mensagens produzidas pelo paciente. Penso que podemos tratar o texto, as imagens, os vídeos e os emojis enviados como objetos-índice do léxico singular do paciente, considerando então não só seu vocabulário mas sua estrutura de pensamento em relação a seus objetos internos.

 

Espontaneamente e utilizando um meio de comunicação comum à sua geração, meu paciente construiu uma narrativa mesclando diferentes suportes simbólicos para enunciar a falta que sentia do acompanhamento e os sentimentos que tal falta despertavam. Esta produção permitiu investigarmos o que nomeei como “pistas de seu objeto interno”, revelando a forma assumida por suas identificações primárias, marcadas pela agressividade, abandono, destrutividade, intenso apelo sexual, incoerência das figuras de cuidado, ambiguidade entre amor e ódio.

 

Por se tratar de uma comunicação condensada, o léxico imagético foi lido em meio à consideração dos acompanhamentos terapêuticos realizados com o paciente em sua casa. Deste modo, um emoji não foi entendido a partir de um “dicionário” de símbolos, mas compreendido em referência à história do vínculo transferencial estabelecido com o paciente, neste registro de setting ampliado próprio ao AT, em que participamos do ambiente de vida do paciente e interagimos com as pessoas de seu convívio.

 

Assim, a partir da clínica do AT, este trabalho tem como objetivo realizar uma interpretação que busca delinear alguns registros deixado por meu trabalho no psiquismo de um paciente, apresentando ainda um uso psicanalítico possível do profuso material multimídia enviado diariamente pelos pacientes aos nossos celulares.

 

 

PALAVRAS-CHAVE: Objeto interno; escuta psicanalítica; acompanhamento terapêutico;

identificações primárias.

 

 

Trabalho apresentado no Seminário interno: “A sexualidade infantil e o Complexo de Édipo”, ministrado por Isabel Villutis no Departamento de Psicanálise (2015) do Instituto Sedes Sapientiae. Não foi apresentado em nenhum evento aberto ao público.

 

 

Ricardo Gomides, Psicólogo, psicanalista, acompanhante terapêutico, membro aspirante do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, mestre e doutor em Psicologia – USP.