O DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNO DE CONDUTA: INCIDÊNCIAS NO CAMPO DA SAÚDE MENTAL DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA.
Camila Deneno Perez
PUC-SP
Eixo temático – A ESCUTA PSICANALÍTICA NA CLÍNICA AMPLIADA
RESUMO
A presente pesquisa tem como principal objetivo a problematização do diagnóstico de transtorno de conduta dirigido a crianças e adolescentes. Mais especificamente, este estudo propõe-se a:
1) contextualizar historicamente a emergência desta classificação na psiquiatria;
2) caracterizar e analisar algumas de suas incidências no campo da saúde mental da infância e adolescência.
Do ponto de vista dos procedimentos adotados, buscamos analisar alguns de seus usos e efeitos em um serviço de saúde mental destinado a crianças e adolescentes por meio do acompanhamento, ao longo de sete meses, de um caso considerado de transtorno de conduta em um CAPS infanto- juvenil.
Resgatamos a teoria psicanalítica – abolida do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) a partir da terceira edição (quando o “transtorno de conduta” aparece pela primeira vez no Manual) – para considerar que os sintomas têm sentido e dizem respeito às vivências e relações do sujeito, o que os torna indissociáveis do campo social e político. Desde esta perspectiva, há nos comportamentos que compõem os critérios diagnósticos do “transtorno de conduta” um endereçamento da criança ou adolescente ao meio, em um movimento que agita o ambiente, que o provoca e interroga seus modos instituídos de pensar e agir.
Concluímos que a compreensão de que a violação da norma corresponde a um “transtorno” funciona como aval para intervenções que visam sanar atos que perturbam, sem que seja necessário considerar circunstâncias e contextos desses atos, bem como o próprio sujeito que age. São intervenções que operam de modo a silenciar suas vozes e ocultar seus protestos e aflições. Consideramos que tais reflexões podem favorecer a construção de práticas e políticas afirmativas da diferença, da singularidade e da imprevisibilidade da infância.
Esta pesquisa é parte de dissertação de mestrado orientada pela Prof. Dra. Maria Cristina Vicentin e defendida em 19 de setembro de 2017 na PUC-SP.
PALAVRAS-CHAVE: transtorno de conduta, infância, adolescência, saúde mental.