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Resumo
UM NOME PROIBIDO, UMA HISTÓRIA PERDIDA
Autora: Adela Stoppel de Gueller
Psicanalista. Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP. Autora de Vestígios do tempo. Paradoxos da atemporalidade no pensamento freudiano, Editora Arte & Ciência, 2005. Professora do curso de especialização em Teoria Psicanalítica da COGEAE-PUC/SP e do curso de Psicanálise da Criança do Instituto Sedes Sapientiae. Membro do Departamento de Psicanálise da Criança do Instituto Sedes Sapientiae e da equipe Clinica interdisciplinar Prof. Dr. Mauro Spinelli.
Em 1909, Freud e Jung são convidados por Stanley Hall para celebrar os 20 anos de existência da Clark University, em Massachusetts. Freud pronunciará ali as Cinco conferencias sobre psicanálise e Jung falará, sobre seu método de associação de palavras e apresentará o caso de uma menina de 4 anos, a quem chamou Anna, que sofreu durante um curto período uma fobia de terremotos. O caso apresentado por Jung foi publicado com o título Conflitos da alma infantil, um ano depois da publicação do caso Hans, em 1910.
Sabemos, hoje, que o verdadeiro nome da pequena era Agathli e que ela era uma de suas filhas. Igual que Hans, acabava de ganhar um irmãozinho de quem desejava ver-se livre e esse acontecimento suscitou a proliferação de teorias sexuais.
Jung publica esse texto porque quer, nesse momento, contribuir e até confirmar as descobertas freudianas sobre a sexualidade infantil. Mas, apesar de elogiada pelo próprio Freud, essa observação não circulou nos meios psicanalíticos. A ruptura entre ambos parece ter banido a simples possibilidade de nomear a Jung em nosso meio.
Conhecemos os efeitos clínicos daquilo que tem vedado o acesso à fala. Em que medida não poder falar de Jung, tomar a disputa com Freud como uma questão de princípio, não implica de nossa parte uma postura dogmática em relação à psicanálise? Um século após a publicação do caso Hans, podemos tirar do limbo as falas e os diálogos de Anna com seu pai? Trata-se de um material tão rico e esclarecedor quanto o de seu predecessor, o Caso Hans.
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