Resumo
HANS PELA LENTE DO CALEIDOSCÓPIO
Autora: Denise de Sousa Feliciano
Psicóloga e psicanalista, membro efetivo do Departamento de Psicanálise da
Criança do Sedes, doutora pelo IPUSP, membro filiado ao Instituto da SBPSP,
docente no curso de Intervenção precoce na relação pais-bebê do Sedes.
Quando Freud fez o convite a seus colegas das reuniões de
quartas-feiras, para que observassem em seus filhos os traços da
sexualidade infantil que havia desenvolvido teoricamente no então recém
publicado Três ensaios sobre sexualidade, não imaginava encontrar o
pequeno infante que protagonizaria os primórdios da psicanálise com crianças. O
menino curioso e investigativo que não tinha medo de comunicar suas descobertas
encontrou em Freud o mesmo entusiasmo e liberdade para desvendar enigmas,
resultando em um dos artigos clínicos mais elucidativos sobre a constituição da
sexualidade humana para a psicanálise.
Se inicialmente O pequeno Hans teve o intuito de ilustrar suas
proposições teóricas sobre a sexualidade e o suposto caso de neurose infantil
que se desdobrou ao longo das observações do pai da criança, a riqueza do
artigo de 1909 permitiu que além dessa ótica, autores psicanalistas pudessem
vê-lo sob diversas outras perspectivas ao longo dos cem anos subseqüentes, de
acordo com recortes e construções peculiares, desdobrando-o em múltiplas
contribuições para a teoria e prática psicanalítica, tanto na clínica com
criança como com adulto.
A idéia de que um texto científico possa acompanhar diferentes proposições
teórico-clínicas concede-lhe uma característica multifacetada com o valor de um
diamante, como o olhar da Monalisa que acompanha seu observador. Dessa
forma cria com seu leitor uma relação de troca singular, caráter que o confere
a mesma característica de uma relação analítica, na qual analista e analisando
desenvolvem uma relação única de análise, reinventando-a continuamente numa
experiência viva.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar algumas breves reflexões
suscitadas a partir do artigo de Freud, sobre a clínica e o lugar do analista
no desenrolar de um processo de análise, seus limites e possibilidades de
acordo com as pré-condições da criança e da família, a interpretação e a
experiência emocional.
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