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Resumo
A LINGUAGEM ATRAVESSADA PELO CORPO: UMA EXPERIÊNCIA PRIMITIVA DE
ALTERIDADE NA CLÍNICA DO AUTISMO
Autora: Gláucia Faria da Silva
Psicanalista pelo Instituto Sedes Sapientiae, Mestre pelo Programa de
Psicologia Social do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e
Doutoranda pelo Programa de Psicologia Social do Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo, com orientação do Prof. Nelson da Silva Junior
Neste artigo serão apresentados dois momentos da análise de um menino surdo
(então com 11 anos) e autista, com o intuito de refletir sobre os
atravessamentos corporais difusos e paradoxais que tomaram tanto o paciente
quanto a analista. Tomou-se a experiência de dor da analista quando submersa no
encegueiramento autista, para pensar a tentativa corporal de aniquilação do
outro em si, fundamento da definição de autismo defendida por Pierre Fédida.
Assim, propomos que a dor corporal de Gustavo, provocada pela ausência precoce
do outro, pode ser lida na sensação de aniquilação vivida no corpo da
analista, em contato com os quase-símbolos corporais apresentados pelo
paciente. Ressaltamos, ainda, que esta leitura tem características
próprias, características semelhantes às da percepção/sensação e às da linguagem
onírica e primitiva, a saber, a simultaneidade e paradoxalidade de sentidos
opostos. Por fim, salientamos que essas características são condição de contato
com estes pacientes e para a possibilidade de instalação inédita do outro.
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