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Resumo
FRANÇOISE DOLTO. A TRANSMISSÃO DE UM PENSAMENTO
Autora: Grace Lagnado
Psicóloga e psicanalista, mestre em psicologia clínica pela Université
Catholique de Louvain-Neuve (Bélgica), com especialização em psicanálise pelo
Instituto Sedes Sapientiae. É professora e supervisora clínica do curso de
Formação em Psicanálise de Crianças do Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP).
Os 100 anos de psicanálise com crianças coincidem com os 100 anos do
nascimento de Françoise Dolto. Ao lado de Jacques Lacan, Françoise Dolto foi
figura de proa no cenário psicanalítico da França. Não fundou escola ou
instituição, mas difundiu um modo singular e particular de análises de
crianças.
Sensível à causa da criança e do adolescente, ela inspirou a atual causa dos
bebês ao definir o infans como um ser de linguagem e de comunicação. De certo,
contribuiu para os fundamentos teóricos na prevenção de questões
constitucionais e relacionais da primeira infância.
Dolto sabia conversar na língua das crianças, traduzir seus pensamentos,
engajá-las no processo analítico (com o pagamento simbólico) e, mais
especificamente, expressar os processos perceptuais, cognitivos, afetivos,
corporais e de linguagem. Determinada em dar à criança um lugar de sujeito de
seu desejo, ela enfatizava que todo trabalho do psicanalista precisava
encontrar palavras para alcançar a imagem inconsciente de corpo, base do
narcisismo da criança.
É deste modo que inventou dois conceitos teóricos: a imagem inconsciente do
corpo e as castrações simbolígenas.
Ainda hoje, ela continua sendo alvo de críticas tanto do meio psicanalítico que
não a considera uma personalidade expressiva no arcabouço teórico da
psicanálise quanto da mídia que confunde legitimar o desejo da criança com
realizá-lo.
Minha exposição pretende abordar a especificidade da prática e teoria de
Françoise Dolto, seu estilo próprio, intuitivo e inventivo de compreender as
manifestações do inconsciente. Como em dezembro 2008, eu estive em Paris no
colóquio internacional realizado em sua homenagem ( Françoise Dolto:
actualité d une pensée.1908-2008 ) onde estiveram presentes alguns de seus
colegas (J-D Nasio, Jean-Pierre Winter, Jacques Sedat, Myriam Szejer, entre
outros), parece-me oportuno dar testemunho do dinamismo de seu pensamento como
uma via de transmissão para a terceira geração de psicanalistas.
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