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Resumo

A CONDIÇÃO SUBJETIVA E A APRENDIZAGEM: O CASO DE UMA CRIANÇA SURDA

Autora: Josefina Martins Carvalho

Psicóloga, Psicanalista do Setor de Psicologia da DERDIC/PUCSP. Membro do Departamento de Psicanálise da Criança do Sedes Sapientiae. Mestre em Educação Distúrbios da Comunicação PUCSP.

A partir da minha pratica clínica e interessada em pensar a respeito do processo de estruturação psíquica com crianças surdas, busco aprofundar meu conhecimento focando a psicanálise com crianças e vou de encontro à produção de Silvia Bleichmar, por meio de seus livros e seminários. A autora tem produzido principalmente em relação à análise com crianças, novas leituras dos sintomas, o que tem auxiliado pensar a estratégia clínica quando nos deparamos com uma dominância de funcionamento psíquico que não é neurótica. Introduz o conceito de transtorno como resultante de um déficit de estruturação do recalque primário, e consequentemente da instauração das instancias que estão na base da estruturação do aparato psíquico.

Em 2000 recebo o encaminhamento da escola especial (IESP DERDICPUCSP) de um garoto de sete anos que na época freqüentava o último nível da pré-escola. A primeira entrevista com os pais teve a presença só da mãe, a esposa justifica a ausência do marido, dizendo que ele é professor de geografia na rede pública de ensino, e tem todos os seus períodos preenchidos em três escolas. Então ela relata a queixa da escola a respeito do seu filho, que ele era uma criança muito quieta, não estava indo bem no processo escolar, isto é, não estava aprendendo, não mantinha contato com as outras crianças da escola, não tinha amigos, a mãe não estranha tais características, afirma que ele tem o mesmo jeito do pai e do irmão mais velho, são tímidos. A mãe diz que os pais estão preocupados com relação à aprendizagem, afinal o filho não está aprendendo como as outras crianças surdas.

A criança começou a freqüentar a escola em 1997, quando tinha quatro anos e no final de 1998 a escola havia feito a primeira indicação para que a família procurasse o psicólogo. Na época a mãe estudava e considerou que a sua ausência pudesse ser o motivo dessa condição do filho, assim com o termino do seu curso (magistério) ela passa a estar mais próxima do filho, fato que a escola reconhece ter produzido um bom efeito na criança, contudo a escola retoma a indicação, porque o desempenho escolar da criança continuava em defasagem ao do grupo. Nesta contingência a mãe aceita o encaminhamento, acreditando que se o tratamento psicológico for trazer benefícios ao filho, então os pais querem.