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Resumo

POLIMORFISMO/PERVERSÃO/INFANTIL: ELEMENTOS PARA UM ESTUDO DA COMPULSÃO ALIMENTAR EM UMA CRIANÇA

Autora: Lia Pitliuk

Psicanalista. Membro do Departamento de Psicanálise e do Departamento de Psicanálise da Criança do Instituto Sedes Sapientiae, onde é professora no Curso de Psicanálise da Criança. Professora e supervisora em cursos de psicanálise ministrados fora de S. Paulo. Co-autora, entre outros, dos livros Psicanálise com crianças: perspectivas teórico-clínicas; Interlocuções sobre o feminino na clínica, na teoria, na cultura; e Psicossoma III.

Este trabalho, centrado sobre duas fases da análise de uma criança – aos 6 e aos 10 anos –, pretende-se uma pesquisa teórico-clínica em torno da constituição de uma compulsão alimentar. Trata-se de perseguir uma pergunta crucial: como se dá a passagem de uma – disposição perverso-polimorfa para o estabelecimento de uma montagem tão consolidada quanto uma compulsão?

Acompanharemos o processo de uma menina inteligente e viva que, aos 6 anos, começa a apresentar fortes crises de angústia quando seus pais saem de casa, à noite. Depois de um período de análise relativamente breve e surpreendentemente rico, o trabalho é bruscamente interrompido pelos pais da criança. Poucos anos depois, a menina é trazida novamente ao consultório, desta vez por uma compulsão alimentar muito marcante, acompanhada de uma evidente inibição de seus interesses e ações.

O caminho analítico percorrido na primeira etapa nos dá elementos para pensar o surgimento da compulsão, permitindo-nos retomar o debate sempre fundamental sobre a tríade polimorfismo / perversão / criança. Investigaremos algumas potencialidades e algumas dificuldades do conceito de polimorfia perversa, em suas articulações com a sedução precoce, por um lado, e com o desamparo e as angústias depressivas, por outro.