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Resumo
O DESPERTAR DE NATHÁLIA: REFLEXÕES SOBRE O SELF DA CRIANÇA E A
FARMACODEPENDÊNCIA DOS PAIS
Autora: Mariana do Nascimento Arruda Fantini
Psicóloga formada pela PUC/SP; Especialista em Psicoterapia Psicanalítica
IPUSP;
Mestre em Psicologia Clínica PUCSP; Supervisora de Psicodiagnóstico e de
Psicoterapia Breve Infantil da Universidade Paulista (UNIP); Coordenadora
Auxiliar do Curso de Psicologia da Universidade Paulista (UNIP) / Campus
Chácara Santo Antônio;
Psicoterapeuta de crianças em consultório particular.
De que forma a experiência de drogadicção dos pais marca/afeta o self da criança? É a questão que este trabalho deseja aprofundar.
Preservando o importante diálogo entre prática clínica e teoria, realizou-se o
estudo de um caso clínico emblemático. A análise empreendida parte basicamente
das concepções teóricas de Donald Woods Winnicott e dos desdobramentos teóricos
desenvolvidos por Gilberto Safra.
As conclusões do trabalho demonstram que a farmacodependência dos pais
compromete o desempenho das funções maternas (holding, apresentação de
objeto, manejo) e paternas indispensáveis para o estabelecimento do verdadeiro self da criança, para sua integração, personalização e relacionamento com os objetos
e com a realidade. Assim, a dependência química paterna traria um impedimento
para o estabelecimento do si mesmo, do acontecer humano, de uma existência
criativa que tenha origem no próprio gesto. A criança passa a viver a partir de
um falso self, extremamente reativo, que restringe tanto o uso de suas
potencialidades quanto a vivência do mundo que passa a ter características
altamente persecutórias em função do fracasso dos objetos reais. E mais, que a
recepção do bebê, por pais farmacodependentes, tende a colocar a criança em uma
situação enigmática desde a sua origem, uma vez que a droga surge, do ponto de
vista transgeracional, como meio de suturar falhas do ethos humano.
Nesse sentido, a problemática dos filhos de pais dependentes químicos é
entendida como uma questão do mundo contemporâneo, que prima pela ruptura do ethos humano, impedindo o ser humano de poder alojar-se e enraizar-se nas questões
que fundam e estruturam sua natureza.
Palavras-chave:Falso Self, farmacodependência, função
materna e paterna, ethos.
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