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Resumo

TRANSFERÊNCIAS: TRANSPONDO NOVAS FRONTEIRAS? INQUIETAÇÕES A PARTIR DA CLÍNICA PSICANALÍTICA DOS ESTADOS PRIMITIVOS DA MENTE

Autora: Mariângela Mendes de Almeida

Docente do Curso de Intervenção Precoce e Membro do Depto. de Psicanálise da Criança no Instituto Sedes Sapientiae. Psicóloga Clínica com Mestrado em Observação Psicanalítica pela Tavistock Clinic e Uníversity of East London. Associada Clínica do Departamento de Criança e Família da Tavistock Clinic de 1988 a 1993 (curso Child Psychotherapy). Membro Filiado ao Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Supervisora e docente no Setor de Saúde Mental do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Este trabalho discute a questão da elasticidade do conceito de transferência, a partir de Freud, ao longo dos desenvolvimentos produzidos pela investigação psicanalítica de aspectos psicóticos da personalidade (Bion, Rosenfeld), dos estados primitivos da mente (Klein, Meltzer, Tustin, Mitrani, Korbivcher), e da clínica psicanalítica de crianças com transtornos autísticos (Alvarez, Reid). Importantes desenvolvimentos da clínica e consequentemente da teoria psicanalítica nos permitiram adentrar o campo dos estados primitivos da mente, tido outrora, pelo próprio pioneiro, como inacessível. Entretanto também localizamos, já em Freud, alguns esboços seminais que levam a pensar, mais do que em uma postulação de inacessibilidade, em uma abertura de campo em que os instrumentos clínicos estariam sempre em expansão, como vem ocorrendo com o próprio conceito de transferência. Vinhetas clínicas do trabalho psicanalítico com uma criança com transtorno autístico são utilizadas para lustrar a discussão, sugerindo-se que um novo desafio para o desenvolvimento do conceito de transferência poderia consistir em incorporar (ou discriminar, suscitando formulações paralelas) aspectos primitivos do funcionamento mental que se presentificam no contato analítico.