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Resumo
O QUE NÃO PODE SER LIDO: APRESENTAÇÃO DE UM CASO CLÍNICO
Autora: Marianna da Gama e Silva
Psicóloga formada pela PUC-SP. Aperfeiçoamento em Orientação à Queixa
Escolar, pelo IP-USP. Especialização em Dificuldades Infantis na Aprendizagem,
pela Universidade Complutense de Madrid. Atende em consultório particular e faz
parte da equipe do Grupo de Apoio à Escolarização Trapézio.
Pretende-se com este texto discutir um caso de inibição intelectual
compreendido a partir de uma leitura psicanalítica lacaniana da constituição da
subjetividade. Trata-se de uma criança de 9 anos que enfrenta impasses
escolares referentes, principalmente, a uma curta extensão simbólica e a
dificuldades na escrita, muitas vezes ilegível. Com o decorrer da análise foi
possível entender essa produção que constrange a uma manifestação inibitória
como uma tentativa genuína do sujeito se apresentar em seu sintoma, resistir
ao desejo materno e sair da posição de objeto de gozo desse Outro. Ali onde ele
produz a sua escrita e não se estende simbolicamente, o Outro não pode penetrar
e nada pode saber. Entretanto, é este mesmo sintoma que está, simultaneamente,
assegurando o lugar desta criança junto a mãe, já que ali onde lhe é demandado
ela se oferece para ser cuidada. Como tratar este sintoma e fazer circular o
excesso de gozo que se encontra fixado nessa relação?
Para isso, discutiremos a função do analista na análise de uma criança,
enquanto aquele que possibilita que novos circuitos se armem no campo simbólico
do sujeito que ainda encontra-se impossibilitado de sair do lugar que ocupa
para o Outro primordial. No presente caso, foi possível conduzir a análise,
ainda em andamento, autorizando e criando condições para que esta criança
articule diferentes significantes e constitua seu fantasma fundamental.
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