Trabalhos
 

 

Resumo



ALGUMAS QUESTÕES SOBRE A DIREÇÃO DO TRATAMENTO NA CLÍNICA COM CRIANÇAS

Autora: Mira Wajntal (Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae)

Psicanalista, Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP, Membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, Autora do livro  Uma clínica para a construção do corpo , Via Lettera Ed., S.P., 2004, e organizadora do livro:  Clínica com crianças: enlaces e desenlaces , Ed. Casa do Psicólogo, S.P., 2008.


O presente trabalho discorre sobre a seguinte dúvida: no atendimento psicanalítico com crianças neuróticas, a direção do tratamento deve sempre ser no sentido de recordar o traumático? A escuta de crianças que tiveram vivências dramáticas e desenvolveram sintomas de relativa gravidade, por vezes nos questiona se o melhor trabalho terapêutico a se realizar é o de poder esquecer. Ou seja,  esquecer de lembrar , para poder investir em seu desenvolvimento  poder se estruturar como sujeito que desfrutem de uma autonomia.

É certo que na transferência a repetição é o nosso grande instrumento de trabalho. Dependendo de como direcionaremos o seu manejo, impõem-se a questão de quando recordar é simplesmente mera  compulsão à repetição do mesmo , sem qualquer possibilidade de promover um diferencial. Isto é, uma repetição diferencial. Aquela que em seu mecanismo insistente permite a integração das vivências e sua elaboração.

Tendo em vista que na infância estamos diante do processo de constituição do sujeito e que para poder elaborar tais vivências o indivíduo precisa, antes de tudo, assegurar sua identidade narcísica parece necessário que algumas etapas, incluindo a segurança física e o amparo, estejam garantidas para, inclusive, permitir tal integração. Será através da vivência primária de satisfação, do diferencial entre o prazer e desprazer que se constitui uma identificação primária. O prazer torna-se princípio organizador da vida psíquica, promovendo a ligação entre as inscrições da pulsão. Haveremos de interrogar como se dá o fluxo desta organização nas vivências em que o ambiente não é nada acolhedor. Para promover esta discussão, ilustraremos com um caso clínico.