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Resumo
ERA UMA VEZ UM PEDRINHO...
Autora: Vilma Florencio da Silva
Psicóloga (PUC-SP) e psicanalista (SEDES) Membro do Departamento de
Psicanálise do Sedes Sapientiae. Atua na Unidade Básica de Saúde Lausane
Paulista (Estado e PMSP), em Escola Pública e em consultório particular.
O caso clínico traz elementos importantes para a compreensão de como a
dinâmica do complexo de Édipo e do complexo de castração ao retornar durante a
puberdade é decisiva na consolidação da subjetividade da criança. A intensidade
dos impulsos agressivos e eróticos incestuosos, bem como as doses de frustração
e/ou sedução das figuras parentais, fazem da criança um ser aflito que sofre
com as angústias do existir.
Para algumas crianças pré-adolescentes, a carga hormonal juntamente com a carga
emocional são tão exageradas que o seu precário psiquismo não sustenta nem
elabora tamanha estimulação interna e externa.
No caso deste menino - com capacidade intelectual acima da média para a idade -
estudar já não trazia o efeito desejado capaz de manter latente toda aquela
intensidade pulsional conflitiva iniciada aos 4 anos de idade. E, o brincar já
não era suficiente para dar conta de elaborar seus conflitos e angústias.
Faltava um terceiro. E, quando este terceiro no contexto familiar não teve a
força suficiente para entrar em cena, na figura do pai, juntamente com a falta
da renúncia à simbiose por parte da mãe, esta criança pré adolescente pediu
socorro de um modo solitário, confuso e sofrido - como um super-herói que
perseguido e atacado pelo inimigo, tenta buscar dentro de si alguma saída
possível...
O grito silencioso do sintoma do meu paciente a que chamarei de Pedro ecoou aos
ouvidos dos pais através de uma fobia: um medo de comer carne que, em seguida,
evoluiu para um medo de comer alimentos sólidos. Ele imaginava que pudesse
morrer sufocado. Aos 10 anos, ele já havia emagrecido 6 quilos em 4 meses e se
alimentava apenas de sopa e mingau.
O relato que irei desenvolver é uma demonstração de como o tratamento desta
criança, através da psicanálise, além de eliminar os sintomas, também ofereceu
ao menino a possibilidade do entrentamento das angústias de se tornar um
pequeno rapaz, ao encontrar o lugar do masculino.
O meu - agora nosso - pequeno super-herói pode fazer a sua entrada na
adolescência se valendo de um terceiro, na figura do analista, evitando, assim,
uma neurose obsessiva.
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