Infâncias Colonizadas e o Brincar Subversivo
A abertura para o outro sustenta a ética psicanalítica desde as suas origens: seja no encontro com o outro, seja na descoberta do inconsciente que promove o reconhecimento do estrangeiro em nós.
Estão evidentes, ao olhar para o mundo, hoje, os impasses na recepção e na tolerância da alteridade que assumem as formas do estrangeiro, do diferente, do deficiente, do transtornado e do doente.
Vemos o mundo adulto se dobrando sobre a infância colonizando-a, rompendo as fronteiras que estariam em função de protegê-la e garanti-la. A violência, a miséria, o racismo, as experiências de exclusão, o excesso de intolerância, os suicídios, movimentos em direção ao apagamento da alteridade invadem o território da infância provocando efeitos naqueles que dela ainda teriam direito. A isso se somam os ideais contemporâneos marcados pela lógica da eficiência e da produtividade, pela cultura do narcisismo e seus imperativos de gozo.
Submersos e virtualizados, algoritmizados, racializados, diagnosticados, medicalizados… A pergunta “o que essa criança tem?”, feita ao google ou ao especialista, está tomando a frente daquilo que cada criança, em sua particular travessia pela infância, pode vir a ser?
Do que sofrem as crianças, hoje? Como esse sofrimento aparece nos espaços dedicados ao cuidado à infância? A invasão da infância pelo mundo adulto estaria em função da impossibilidade de reconhecer as infâncias e as crianças como alteridade? A qual impossível a criança convoca o adulto?
O brincar como experiência cultural está enlaçado com o modo de vida e conjunto de saberes de um povo que se dão em um certo território em um determinado tempo. Diante do cenário contemporâneo, o que o brincar das crianças nos conta sobre o mundo de hoje? Como a invasão da infância subverte ou pode ser subvertida pelo brincar?
Em face desses interrogantes, convidamos os psicanalistas para trazerem desafios, impasses, transformações, deslocamentos, intervenções e aberturas na clínica com bebês, crianças e seu entorno.
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