Coluna Acto Falho – Convite e boas-vindas

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Damos as boas-vindas a todas, todes, todos!

Iniciamos 2023 com gosto de inauguração, no dia 1 de março, tivemos a tradicional aula inaugural do curso Formação em Psicanálise no auditório do Sedes, momento em que alunos recém-chegados, alunos persistentes, professores e membros puderam se encontrar, se conhecer e escutar as ricas falas de Alessandra Ruivo e Cristina Rocha.
Alessandra, como membro do Departamento, nos inspirou com seu relato honesto sobre seu percurso pelo Sedes e pela psicanálise, e Cris Rocha sacudiu a todos nós com um texto doce e direto, que nos convocou a pensar sobre a vulnerabilidade que o analista ocupa como escuta-dor diante, sobretudo, das marcas coloniais instaladas na escuta clínica.
Em meio a este clima de acolhimento e de provocação, anunciamos que a Coluna Acto Falho está reaquecendo suas atividades. Propomos, com isso, que este seja um espaço de expressão dos sujeitos que compõem o nosso coletivo, membros do departamento Formação em Psicanálise.
Assim, quem desejar poderá encaminhar, no email comissaodepublicacao@gmail.com, a sua contribuição: textos de opinião, ensaios, reflexões ou o que considerar relevante na insistência do movimento das ideias no percurso institucional, político e pessoal no decurso da psicanálise.
De pronto, reinauguramos as atividades de nossa Coluna com uma síntese da fala de Alessandra Ruivo na referida aula inaugural.
Saudações psicanalíticas,
Juliana Coelho e Sandra Sanches.
Comissão de Publicação Departamento Formação em Psicanálise

“Acredito que vocês saibam que o Sedes foi um dos lugares de resistência política na época da ditadura militar (…) relembro isso para dizer que a passagem por aqui, neste pedaço da formação, não poderia estar isenta de toda a representatividade política e social que por aqui circula.

A psicanálise que se deseja transmitir nos dias de hoje é uma psicanálise implicada. Implicada com o quê? Devemos nossa formação ao tripé, sem dúvida (estudo da teoria, análise pessoal e supervisão), mas o que quero chamar a atenção de vocês é para um estudo que contenha reflexão crítica, que atente para o fator histórico de seu tempo. Necessitamos, com base nas teorias já existentes, e que nos servem de base sólida, pensarmos nossa psicanálise à brasileira. E o que isso quer dizer?
Nosso inconsciente é atravessado pela cultura. A força de uma cultura pode determinar o que estará em nosso inconsciente, recalcado ou traumático em nós, o que inclui pensarmos no racismo, no machismo, na misoginia e em toda espécie de ataques e preconceitos aos LGBTQIAP+, já que a negação é um mecanismo de defesa imperante em nossa sociedade.
Vejam que não há como falar em formação sem que pensemos na cultura, no social, em nossa história. Como disse a pouco, o Sedes é um guardião de nossa memória histórica e não há nada mais atual do que pensar a psicanálise em sua relação extramuros, pois esse é o inconsciente com o qual lidamos em nossa clínica, um inconsciente constituído por um outro atravessado também em seu inconsciente pelos determinantes socioculturais.
Tornar-se analista não é uma condição em que a pessoa do analista está protegida de ser racista, machista, homofóbico, tampouco está garantida uma consciência de classe no analista.
Uma formação psicanalítica que se diga atual, trabalha com a descolonização do pensamento. Como li em Paul Preciado, psicanalisar depende de sua capacidade de sair da jaula.

Vocês farão contato com inúmeros textos psicanalíticos, mas gostaria, aqui, de sugerir alguns livros para o exercício da empatia e da humanização, leiam: É isto um homem? (Primo Levi), Tudo sobre o amor (Bell Hooks), Não basta não ser racista, sejamos antirracistas (Robin Diangelo), Eu sou o monstro que vos fala (Paul Preciado).
É isso, agradeço pela atenção de vocês.”
Parte da fala de Alessandra Ruivo na aula inaugural do curso Formação em Psicanálise em março de 2023.

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