Sobre o evento “Maioridade penal: o que a psicanálise tem a dizer?”

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O evento “Maioridade penal: o que a psicanálise tem a dizer?” inaugurou uma linha temática importante de eventos em nosso Departamento: Psicanálise e Sociedade.
A questão que esse eixo temático propõe nos convoca a refletir sobre a posição política da psicanálise: a política da clínica, a política da transmissão/formação, a posição política da psicanálise frente aos impasses sociais.
O evento se configurou a partir de um mal-estar compartilhado: afinal, a quem atende a redução da maioridade penal? Nossas ferramentas por si só não são suficientes para dar conta dessa reflexão. Trata-se de um diálogo que vai além de nossas fronteiras, por isso a decisão de conversar com profissionais/militantes de outras áreas de conhecimento. Sendo assim, contamos com a presença de Vivian Calderoni e Fátima França nesse debate.
Caminhamos por um território bastante incômodo: ocupamos hoje a quarta posição em população carcerária no mundo, são 600 mil pessoas encarceradas, sendo que a maioria é de jovens com menos de 20 anos. Sabidamente trata-se de uma justiça bastante seletiva: quem ocupa os presídios são jovens pobres, do sexo masculino, moradores das favelas e periferias das cidades e, na esmagadora maioria, negros. Soma-se a isso o fato de que as vítimas de morte violenta obedecem a mesma gramática distributiva: são também esses jovens, com as características acima citadas que são assassinados cotidianamente.
Nossa discussão teve como fio condutor duas questões: interrogar, a partir da psicanálise, se a coerção e o castigo são medidas férteis para combater a violência; e no que podemos contribuir, com nossa escuta, para a reconfiguração de um tecido social que vem tratando a infância e a juventude como o lugar do excesso, da desmedida e da violência. Marta Cerruti

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