Sobre a Comissão de Projeto e Pesquisa

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Nota de esclarecimento:


A Comissão de Projeto e Pesquisa do Departamento está empenhada em organizar uma agenda de pequenas ações, quase insignificantes, que permitam a formação de pequenos grupos de trabalho que visam a intervenção cultural e o fomento de conhecimento e pensamento dentro do Departamento. Estamos interessados em tudo, mas principalmente nos conhecimentos que são do gosto da psicanálise e do gosto de tantas outras coisas que falam do homem e que circundam a nossa esfera de pensamento.
Apostamos em tantas direções quantas forem possíveis, desde que circunscrevam o psicanalítico expandindo-o, e, com isto, o reenviem para um campo de visões infinitas, e leituras infinitas também.

Os grupos de fomento ou as pequenas curadorias estão se organizando a partir dos seguintes eixos.
A ordem não segue uma hierarquia.

a) filosofia/epistemologia (Eduardo Lara)
b) Mitologia/Fábulas/Contos e Narrativas (Lucas Nogueira)
c) Literatura (Lineu M. Silveira)
d) Religião/Fé/Crença (Ronaldo Perini)
e) Música e Artes Visuais (?)
f) Problemáticas (Armando Colognese Jr.)
g) A interface coma neurociência (Mateus Pinheiro de Souza)


Sendo assim enfatizamos que somos pós formação e somos do Departamento. Nosso papo e o nosso tipo de projeto pode ou não ter valores políticos explícitos. Na verdade é um trabalho antropófago, um trabalho que possibilita morder tudo que podemos (P. Valéry/Augusto de Campos) e expelir um outro e renovado produto. Somos famintos e estamos abraçados a uma vertente que pensa que o jazz mais o samba acabou na bossa-nova, e que se a psicanálise não comer o mundo ela se transformará num fóssil imbecilizado e moralista.

Pensamos que podemos ou não trabalhar publicamente com nossa fachada política, mas estamos fora da contenda que leva à visão do psicanalista como um produto do mercado de consumo e propõe como regra de conduta o moralismo narcísico que sustenta o controle obsessivo das práticas com astúcia e ardil para ser bem consumido.
Disso estamos fora.

A ideia central da Comissão de Projeto e Pesquisa (ComProPes) está ligada ao cuidado do outro e à ideia freudiana do ser próximo (neben mensch). Ou seja, é a nutrição do ser e a capacidade para ouvir esse ser em sua própria voz, que nos faz crer que a partir disto ele possa falar em nome próprio. Ou seja, estamos preocupados em dar voz aos que estão conosco e com o cuidado desse outro no seu sentido intenso e extenso que, se quisermos podemos começar a estudá-lo desde Santo Agostinho, e passamos por Husserl, entrarmos em Heiddeger e desaguarmos em Levinas, para que talvez possamos começar a conversar o que significa a construção de uma área que chamaríamos de tolerância e educação.

Mas deixando as coisas da “Intelligenzia” de lado, afirmamos que estamos efetivamente preocupados com a ética do acolhimento e com a construção do campo da hospitalidade intelectual/cultural e mental, de tal forma que a comunidade a que pertencemos venha a ser uma área do “to take care about us”, uma área do “concerning about”, do tomar em consideração o outro como algo que a mim concerne, e partir disto para o reconhecimento de mim mesmo como mais um psicanalista que transmite seu oficio.
Nossa fome de interrogações nos obriga a abrirmos definitivamente frente contra a redundância e contra aquela fala que é usada como pedra para agredir o adversário, fazendo com que todo o grupo retorne ao estado de precede a palavra e a fala. Queremos recivilizar a pedra e torna-la uma interrogação que nos leva a querer saber mais! E, ao queremos saber mais, acabamos querendo saber também o por que de toda formação passar por submissão e sedução e não por construção da responsabilidade.

É exatamente por causa disto que estamos convidando para vir ao Brasil do Doutro Massimo Recalcati, o eminente lacaniano italiano da atualidade, para falar sobre a estética em Lacan e como ele vê este fenômeno de toda formação passar por sedução e submissão.
Em fim! A serpente do pensamento está solta. Cuidado. Melhor andar descalço, assim garantimos ser picados por ela. N’est pas?
Atenciosamente
Emir

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