A TRAVESSIA CLÍNICA: UMA PARCERIA COM A REDE DE SAÚDE MENTAL DO MST

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Pelo Coletivo Travessia Clínica.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) atua na luta por reforma agrária popular. Apesar de toda ação social e política, enfrenta as questões de uma sociedade machista e desigual. Com isto, foram criadas ações e campanhas para lidar com essas violências.

Durante a pandemia da Covid-19, quando pessoas ficaram em casa e aumentaram os casos de violência contra mulheres, crianças, pessoas idosas e LGBTQIAPN+, o MST criou, em abril de 2020, a Rede de Combate à Violência Doméstica, uma iniciativa do setor de gênero do Movimento do Estado de São Paulo, dentro da campanha nacional Mulheres Sem Terra: contra os vírus e as violências.

Nessa Rede, um grupo de profissionais de saúde mental de várias partes do Brasil se juntou para apoiar os integrantes do MST em sofrimento. Esses profissionais oferecem sua escuta, acolhimento e, em conjunto com cada pessoa atendida, propõem caminhos terapêuticos a seguir. Com o tempo, esse trabalho se transformou na Rede de Saúde Mental do MST que se encontra toda semana para pensar formas de cuidado, trocar experiências, estudar e aprender. Hoje, mais de 25 profissionais participam desse grupo e cerca de 1.200 pessoas do Movimento já foram atendidas. São práticas com base na solidariedade e no princípio de que saúde mental é também luta de classes.

Essa Rede reúne um grupo de psicanalistas com formação diversa – da psicologia, filosofia, pedagogia, jornalismo, artes, ciências sociais – e constrói um modo de pensar a clínica de forma mais horizontal, mais política e conectada com a realidade das pessoas. A Travessia Clínica surgiu dentro do Núcleo Acesso do Instituto Sedes Sapientiae (SP), em 2020 e, desde então, atua junto à Rede de Saúde Mental do Movimento para oferecer atendimentos e também contribuir na formação de pessoas interessadas nesse tipo de prática clínica-política. Trata-se de uma psicanálise engajada num mundo em transformação.

O projeto é um espaço vivo, onde a teoria e a prática se juntam em encontros semanais de supervisão clínica e rodas quinzenais de discussão teórica com a participação de integrantes do MST, da Rede de Saúde Mental, da Rede de Combate à Violência Doméstica e de outros coletivos. A parceria com o MST levanta questões: que psicanálise queremos praticar? Como podemos construir redes de cuidado transformadoras, políticas e acessíveis?

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