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Para criar uma aproximação entre quem produz escrita e quem lê, é tradicional que ocorra o evento Encontro com os Autores, que este ano teve lugar no dia 19 de agosto de 2015 nas dependências do Sedes. O objetivo foi promover uma conversa sobre os artigos que foram publicados na última revista. Para isto, foi feito um convite a alguns colegas para que tecessem comentários sobre os artigos, que foram respondidos pelos autores de cada um deles, criando, dessa forma, um diálogo entre autor e leitor.
Em uma sala lotada, ocorreu um encontro enriquecedor no qual se falou de forma breve sobre os trabalhos produzidos. O ambiente era descontraído mas ao mesmo tempo circulava um grande interesse pelo que vem sendo produzido no Departamento.
Iniciando as apresentações, Emir Tomazelli e Lineu Matos Silveira nos apresentaram questões acerca do Complexo de Édipo, à luz da Oresteia de Ésquilo e da Oresteia de Klein. Em seguida, Ricardo Luiz Marçal Ferreira e Eduardo Lara trouxeram algumas reflexões sobre o texto A Negação de Freud, especialmente fazendo referência as textos de De La Boetie e de Sartre.
Dando sequência, Maria Elisa Lucato Gimenez e Durval Mazzei Nogueira refletiram sobre a psicose ordinária, que são casos que vem surgindo na clinica, com sintomas que diferem da psicose clássica. Renato Rochwerger e Maria Helena Saleme conversaram sobre os sinais do surgimento do conceito de superego ao longo da obra de Freud, e sua distinção da noção de consciência moral.
Por fim, Rogéria Brandani nos presenteou com conceitos importantes presentes no trabalho de Silvia Bleichmar, com ênfase no conceito simbolizações de transição, e sua diferenciação do conceito de construção de Freud.
O horário e o tempo reduzido do evento deixaram os presentes com vontade de mais. Tenho certeza de que surgiram dúvidas, questionamentos, discordâncias; ânsia de falar e ser ouvido. Excelente motivo para mais escrita, produção, interação e encontro entre os membros.
Na minha opinião, uma das características que melhor definem a revista Boletim Formação em Psicanálise, e por conseqüência o Departamento de Formação em Psicanálise do qual ela é veículo, é a sua possibilidade de comportar a diversidade de escolas de pensamento. Como é possível verificar neste número sobre o qual conversamos naquele final de dia, por ele passeiam Freud, Lacan, Klein, Bion, Winnicott, Bleichmar e outros.
Eu gostaria de aproveitar a oportunidade para convidar a todos para o exercício da escrita. Espero que este encontro inspire a produção de textos em psicanálise, que é uma área de conhecimento muito ampla, o que proporciona possibilidades infinitas. E que esses textos sejam enviados para a Boletim, claro.
O ato de escrever é um desafio, para a maioria de nós, creio eu. Porém, superado o desafio, há invariavelmente crescimento; o desenvolvimento de uma maturidade do psicanalista. Ao pensar nisso, me veio em mente uma frase de Clarice Lispector, que acho extremamente bela, e que, apesar de não falar diretamente de psicanálise, fala do ato de escrever: “Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando…”
Aline Choueke Turnowski
Coordenadora da Comissão de Publicação
Normas para o envio de artigos no link:
http://www.sedes.org.br/Departamento1419s/Formacao_Psicanalise/site/?p=