No último dia 8 de setembro, o Departamento Formação em Psicanálise realizou a 1ª edição do evento “Psicanálise no Palco”.
Como disparador desse diálogo entre teatro e psicanálise tivemos a apresentação da peça “Quase Infinito”, no Teatro FAAP.
Inspirado no universo de Jorge Luís Borges, “Quase Infinito” traz dramaturgia e atuação de João Paulo Lorenzon, sob a direção de Elcio Nogueira Seixas.
As psicanalistas pelo Departamento Formação em Psicanálise Maria Cristina Perdomo e Ligia Valdes Gomez, sob mediação de Margaret Marques, trouxeram uma leitura psicanalítica de Borges e dos 5 atos da peça:
O confronto com a tentação do ódio; o confronto com o nada e o esquecimento, como ameaças de esvaziamento de si próprio e do mundo; o confronto com a incomunicabilidade; e as chances de renascimento disponíveis para agarrarmos, a cada novo dia.
Ligia constrói uma narrativa a partir das obras de Borges, trazendo luz ao convite que o escritor nos faz para nos conduzirmos a um labirinto de espelhos, como se atravessássemos um caminho para dentro de um universo similar ao do texto “O inquietante/O estanho” de Freud, onde ao mesmo tempo que nos reconhecemos, acontece um sentimento de estranhamento por estarmos sendo vítimas do irreconhecível em nós.
Cristina, traz a dicotomia inseparável entre o amor e o ódio. Sua narrativa passeia pelos diferentes significantes que cada ato lhe inspirou. Dentre estes, o significante morte e luto: aMorte pega, aMor- te – pega. O lut(o) pela morte, A lut(a) pela vida.
A plateia foi convidada a trazer suas sensações mais primitivas, as memórias e fragmentos despertados durante a atuação de João. Nesse breve espaço várias pessoas puderam trazer o que lhes foi suscitado nessa experiência, que nos transporta aos nossos espelhos, aos nossos desertos, nossas angústias sem nome, nossos silêncios, nossos esquecimentos (recalques).
Élcio, diretor da peça, traz a oferta de um banquete antropofágico, onde o corpo do ator expressa dores e amores, loucura e morte, na constante tentativa de encontro do equilíbrio, daquilo que nos remete ao Jardim do Éden, à árvore da vida ou genealógica em busca do sagrado e de nossa redenção. O que nos faz lembrar da máxima aristotélica: a arte imita a vida. Para Aristóteles, a arte seria a técnica que o técnico/artista utiliza para vencer os empecilhos e dificuldades que sozinha a natureza não consegue superar.
O homem ético e político “age com prudência”, enquanto o artista “age com habilidade”, a habilidade de sua técnica, isto é, de sua licença poética.
Evento onde todos encontramos, nos labirintos de espelho, algo para nos identificar e, por fim, no último ato, algo por nos esperançar.
Margaret Marques
Comissão de Eventos – Departamento Formação em Psicanálise
Como disparador desse diálogo entre teatro e psicanálise tivemos a apresentação da peça “Quase Infinito”, no Teatro FAAP.
Inspirado no universo de Jorge Luís Borges, “Quase Infinito” traz dramaturgia e atuação de João Paulo Lorenzon, sob a direção de Elcio Nogueira Seixas.
As psicanalistas pelo Departamento Formação em Psicanálise Maria Cristina Perdomo e Ligia Valdes Gomez, sob mediação de Margaret Marques, trouxeram uma leitura psicanalítica de Borges e dos 5 atos da peça:
O confronto com a tentação do ódio; o confronto com o nada e o esquecimento, como ameaças de esvaziamento de si próprio e do mundo; o confronto com a incomunicabilidade; e as chances de renascimento disponíveis para agarrarmos, a cada novo dia.
Ligia constrói uma narrativa a partir das obras de Borges, trazendo luz ao convite que o escritor nos faz para nos conduzirmos a um labirinto de espelhos, como se atravessássemos um caminho para dentro de um universo similar ao do texto “O inquietante/O estanho” de Freud, onde ao mesmo tempo que nos reconhecemos, acontece um sentimento de estranhamento por estarmos sendo vítimas do irreconhecível em nós.
Cristina, traz a dicotomia inseparável entre o amor e o ódio. Sua narrativa passeia pelos diferentes significantes que cada ato lhe inspirou. Dentre estes, o significante morte e luto: aMorte pega, aMor- te – pega. O lut(o) pela morte, A lut(a) pela vida.
A plateia foi convidada a trazer suas sensações mais primitivas, as memórias e fragmentos despertados durante a atuação de João. Nesse breve espaço várias pessoas puderam trazer o que lhes foi suscitado nessa experiência, que nos transporta aos nossos espelhos, aos nossos desertos, nossas angústias sem nome, nossos silêncios, nossos esquecimentos (recalques).
Élcio, diretor da peça, traz a oferta de um banquete antropofágico, onde o corpo do ator expressa dores e amores, loucura e morte, na constante tentativa de encontro do equilíbrio, daquilo que nos remete ao Jardim do Éden, à árvore da vida ou genealógica em busca do sagrado e de nossa redenção. O que nos faz lembrar da máxima aristotélica: a arte imita a vida. Para Aristóteles, a arte seria a técnica que o técnico/artista utiliza para vencer os empecilhos e dificuldades que sozinha a natureza não consegue superar.
O homem ético e político “age com prudência”, enquanto o artista “age com habilidade”, a habilidade de sua técnica, isto é, de sua licença poética.
Evento onde todos encontramos, nos labirintos de espelho, algo para nos identificar e, por fim, no último ato, algo por nos esperançar.
Margaret Marques
Comissão de Eventos – Departamento Formação em Psicanálise