31 de agosto e 1 de setembro de 2012
sedes
Trabalhos

Demandas para o olhar analítico junto a grupo de profissionais em UTI neonatal: transferências múltiplas?

Alexandra Huebner Giorge
Psicóloga da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do Hospital São Paulo, Membro do Núcleo de Atendimento a Pais e Bebês do Setor de Saúde Mental da Pediatria, Membro do Grupo e Bioética;do Departamento de Pediatria da UNIFESP.

Veridiana Chimirri
Encarregada da Equipe de Enfermagem da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do Hospital São Paulo – UNIFESP.

Mariângela Mendes de Almeida
Psicóloga, Psicoterapeuta com Mestrado pela Tavistock Clinic e University of East London, Docente e Membro do Depto. de Psicanálise da Criança do Instituto Sedes Sapientiae, Coordenadora do Núcleo de Atendimento a Pais e Bebês, Setor de Saúde Mental, Depto de Pediatria, UNIFESP, Membro Filiado ao Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

Resumo

No contexto institucional relacionado ao cuidado de bebês de alto-risco, tanto os pais e bebês, quanto os profissionais envolvidos neste trabalho, podem se beneficiar da continência oferecida pela escuta psicanalítica. Como se constituiríam os pilares do olhar psicanalítico neste enquadre peculiar em suas várias camadas de ressonância?
Relata-se aqui a proposta de um Grupo de Reflexão semanal com profissionais da UTI Neonatal do Hospital São Paulo – UNIFESP (referência para gestações e bebês de risco), realizado por duas Psicólogas e uma Enfermeira. Enfatiza-se a construção de um espaço de continência para preocupações vivenciadas no cotidiano da equipe de enfermagem, médicos e residentes, fonoaudiólogos, e fisioterapeutas no contato com os bebês e seus pais, marcado por intensa vulnerabilidade frente a angústias pela constante iminência de morte e má formação dos bebês.
Pretende-se que essa experiência possa gerar maior capacidade de continência e consciência das transferências múltiplas envolvidas no processo de cuidado às famílias. Observam-se inúmeras demandas: dos pais em relação aos profissionais de assistência neonatal e à instituição (UTI de alta complexidade em hospital universitário referência nacional); dos pais e dos profissionais em relação aos psicólogos e chefia de enfermagem como potenciais provedores de resolutividade imediata de conflitos, angústias e ansiedades; dos bebês em relação ao entorno físico e relacional continente proporcionado pelo ambiente da UTI.
O trabalho realiza-se a partir da Discussão de Situações de Trabalho vivenciadas pelos profissionais, amplificadas por observações compartilhadas do desenvolvimento infantil, víncular e de dinâmicas de funcionamento mental no contexto da UTI Neonatal.
Ao favorecer o aprender com a experiência de continência às próprias ansiedades, e ao ampliar a compreensão de ansiedades parentais e angústias primitivas, o olhar psicanalítico, veiculado através do Grupo de Reflexão, pode fortalecer a consistência da rede de cuidados em contexto de risco e vulnerabilidade em período tão fundamental para o desenvolvimento de vínculos entre pais, bebês e profissionais.


Palavras-chave: escuta psicanalítica no hospital, UTI neonatal, Grupo de Reflexão para profissionais, redes de continência.