Resumo
Este trabalho discute a articulação dos termos provisoriedade e vínculo presentes nas relações instituídas no abrigo - acolhimento institucional para crianças e adolescentes privados do convívio familiar – e suas ressonâncias na subjetivação dos que aí vivem. Tomamos como referência contribuições de Freud, Winnicott, Boris Cirulnik e outros.
Considera, por um lado, que estudos sobre instituições totais contribuíram para a inclusão de novos paradigmas no Estatuto da Criança e do Adolescente, entre eles, a condição de provisoriedade da medida de abrigamento. Por outro lado, apontamos que o trabalho no abrigo poderia contemplar necessidades de pertencimento, vínculo e separação. Contudo, para os profissionais dos abrigos, essas possibilidades costumam ficar associadas ao tempo de permanência da criança na instituição.
O abrigo é visto, sobretudo, como lugar de falta e abandono, ao mesmo tempo em que a família ocupa o lugar idealizado onde todas as faltas serão preenchidas. Estes aspectos tendem a produzir nos profissionais uma desvalorização das potencialidades e do alcance de suas atuações.
Finalmente, através da análise de vinhetas clínicas este trabalho aponta perspectivas que ultrapassam a dicotomia entre provisoriedade e vínculo, abrindo novas vias para pensar o abrigo como lugar de encontros significativos, capaz de possibilitar o vir-a-ser da criança no percurso de novos trajetos.
Palavras-chave: Abrigo, provisoriedade, vínculos, separações.
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