31 de agosto e 1 de setembro de 2012
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Trabalhos

A importância da recusa em análise com crianças

Elisa Maria de Ulhoa Cintra
Professora da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da PUC-SP nas disciplinas de Psicanálise kleiniana e winnicottiana e do Programa de Estudos Pós Graduados em Psicologia Clinica da PUC-SP.

Resumo

A partir das situações de transferência de análises infantis, a autora se dispõe a refletir sobre os manejos transferências necessários para abordar as situações clínicas  em que está presente de forma significativa o mecanismo de defesa que Freud chamou de Verleugnung e que pode ser traduzido por recusa, desmentido ou desautorização. Este mecanismo de defesa – a desautorização ou recusa – estabelece uma cisão no Eu, entre de um lado, o registro e de outro lado, a desautorização deste registro. Mas, qual é o registro de percepção que é desautorizado? Parece-nos que desautorizamos a percepção de tudo o que pode variar ou diferenciar-se. Sentimos intolerância com relação ao inesperado, ao desconhecido, àquilo que, silenciando, no analista ameaça com o seu caráter “diferente, inesperado, variável”. Em reação a esta ameaça surge um “desmentido” ou uma desautorização de tudo que ameaça variar e diferenciar-se. Através desta reação procura-se tornar desimportante e indiferente aquilo que é inesperado. Recusa-se a diferença, tornando-a indiferente. O que se recusa é a realidade processual e histórica, a que comporta diferenças e diferenciações. No lugar desta percepção da diferença colocamos a presença de algo que não muda, algo que magicamente possa sempre estar lá. Tentamos tornar previsível o imprevisível, mesmo que seja desagradável e doloroso.