Entre mamar e surfar, análise de um menino
Fernanda Dornelles Hoff |
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Resumo O tema da transferência, grande paradigma da Psicanálise Freudiana, suscita questionamentos na Clínica com Crianças. O processo de transferência, enquanto eixo central da técnica, possui especificidades na análise de uma criança, por sua condição de sujeito em constituição. Apresento um caso de análise de um menino, discutindo questões ligadas ao modo como se dá a transferência e a forma como acredito que ela possa ser utilizada, partindo de aportes teóricos que até o momento fazem parte da minha trajetória. A criança de uma ou de outra forma é incluída na estrutura edípica, no desejo dos pais e para seu amadurecimento sexual e correspondente crescimento subjetivo precisa estar excluída de algo, do contexto adulto. Precisa haver uma assimetria onde possa construir um espaço, a partir do desejo dos pais, transformados em seus. Do contrário permanece numa posição narcísica, com um excesso de identificação com os mesmos. Antônio, o menino que protagoniza essas reflexões, confunde-se quanto a seu tamanho e espaço na relação com seus pais. Ao fantasiar ser igual a estes, precisa dar conta de algo que o captura, impedindo-o de prosseguir com as vivências da infância. Por vezes ocupa lugares que não seriam seus. Para deixar o bico, aos 4 anos, ganha uma prancha de surf, o que lhe faz maior do que de fato é.
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