Grupo de atendimento a pais e bebês: campo transferencial para a construção da parentalidade
Ida Bechelli Almeida Batista Mariângela Mendes de Almeida |
|
Resumo Relata-se aqui o trabalho conjunto com pais/bebês-crianças pequenas (0 a 3 anos) em Ambulatório Pediátrico. Tal atendimento encontra-se inserido num contexto psicoprofilático, em que se propõe que os bebês possam ter, desde muito precocemente, um acompanhamento de seu desenvolvimento emocional integrado a seu acompanhamento pediátrico, projeto idealizado e por muitos anos coordenado pela Psicanalista e Psiquiatra Dra. Mary Lise Moyses Silveira, no Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo, a partir de 1973. Detalhamos aqui principalmente a abordagem grupal, através de vinhetas descritivas e cenas filmadas, como alternativa ou complementação de encaminhamento para famílias com bebês/crianças pequenas que necessitem e se beneficiem de um acolhimento compartilhado para ansiedades e dificuldades que estejam interferindo (ou possam vir a interferir) no desenvolvimento da criança e/ou no desenvolvimento da função parental dos cuidadores. Trabalhamos no Grupo com recursos provenientes das abordagens dos atendimentos conjuntos (intervenção nas relações iniciais e psicoterapias pais bebês), integrados às técnicas psicanalíticas de intervenção grupal, considerando-se os elementos transferenciais e contratransferenciais no contexto peculiar da clínica com bebês. Busca-se relacionar,no aqui e agora das sessões, a linguagem lúdica das crianças com as preocupações expressas pelos pais, desenvolvendo a capacidade parental dos cuidadores, facilitando a comunicação pais-bebê e contribuindo para a promoção, num nível estrutural e fundante, da saúde da criança e da família. Atualmente, sob a denominação de NÚCLEO DE ATENDIMENTO A PAIS E BEBÊS, integramos portanto, o trabalho psicoprofilático numa fase inicial do desenvolvimento infantil e do estabelecimento das primeiras relações vinculares, com a possibilidade de se oferecer suporte interventivo terapêutico tão logo se detectem preocupações ou sinais sutis de alarme no desenvolvimento psicológico e relacional pais-criança. Tal configuração prepara também, os psicólogos em Especialização em nosso Setor, para o desenvolvimento de um olhar relacional no campo transferencial e contratransferencial, e de recursos para o trabalho psicoprofilático e interventivo precoce, infelizmente ainda não tão presentes quanto seria desejável em nossos cursos de graduação na área de saúde.
|