31 de agosto e 1 de setembro de 2012
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Trabalhos

Considerações sobre ética e psicanálise na clínica com crianças

Julia Eid
Psicóloga (PUC-SP); especialização em Psicanálise da Criança (Instituto Sedes Sapientiae); Membro do Departamento de Psicanálise da Criança do Instituto Sedes Sapientiae; integrante do Grupo Acesso – Estudos, Intervenções e Pesquisa sobre Adoção, da Clínica Psicológica do I.S.S.; Psicóloga da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital São Paulo e Membro do Setor de Saúde Mental Pediátrica da UNIFESP.

Resumo

Este trabalho tem por objetivo propor algumas considerações sobre a transferência na prática psicanalítica com crianças adotadas e abrigadas a partir do viés da ética. Considerando ética enquanto respeito e reconhecimento do outro em sua singularidade e subjetividade, procura assinalar a importância do psicanalista ser alguém que revele a seu paciente a ética do humano, principalmente no trabalho com crianças que cresceram privadas de relações éticas. A ética é apresentada dentro da psicanálise em dois âmbitos: o primeiro diz respeito ao surgimento da ética nas trocas humanas e, mais especificamente, ao nascimento do sujeito ético; o segundo traz um olhar sobre a prática psicanalítica norteada pela ética.

A autora apresenta fragmentos de sessões de dois casos de crianças marcadas por relações esvaziadas de ética. Os pontos levantados nesta apresentação dizem respeito às sutilezas do lugar transferencial que ocupamos, à busca de manter uma postura ética sem intervalos, a determinado lugar para onde o paciente nos convoca que pode muitas vezes colocar em risco o lugar do analista e sobre certo trânsito entre a necessidade de ser extremamente acolhedor e, quase ao mesmo tempo, precisar marcar os limites presentes nas relações humanas.

Sobre este último ponto, assinala a importância de o analista poder ser alguém que interdita e busca marcar uma diferenciação entre analista e analisando a fim de delimitar as possibilidades de gozo do paciente dentro do espaço analítico. Ao mesmo tempo, procura destacar que o fazer-se continente das angústias e excitações do paciente pode ser tão ou mais importante quanto uma interdição ou uma interpretação.


Palavras-chave: ética, transferência, criança, adoção/abrigamento.