A construção da alteridade em um dispositivo lúdico de interventores múltiplos com sujeitos autistas
Julia Maciel Soares |
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Resumo Neste trabalho, me proponho a apresentar um dispositivo de terapia para crianças autistas com interventores múltiplos. Como fica a transferência nesses casos? A criança autista é capaz de organizar sua transferência dentro de um dispositivo onde vários profissionais se revezam nas sessões lúdicas? Em que medida uma multiplicidade de interventores pode ser interessante no tratamento dessa patologia? A partir de fragmentos de um caso clínico realizado com uma equipe de 8 interventores (de diversas especialidades) que se revezavam em duplas nas sessões com uma criança, pretendo abordar uma hipótese de construção da alteridade, que pode ser reproduzida pelo referido dispositivo – a saber, que a construção da alteridade é um processo que parte da repetição e do encontro com algo “suficientemente similar”, onde pequenos encontros com a diferença vão sendo possíveis. Eu me proponho assim articular esta experiência com alguns conceitos da psicologia cognitiva (como o formato de interação proposto por Bruner, 1983) e da psicanalise (em referência aos trabalhos de Haag, 2007 e Roussillon, 2004) para sugerir algumas possíveis contribuições de um dispositivo de interventores múltiplos para o tratamento de crianças autistas.
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