Resumo
Freud em 1920 fascina-se ao observar o jogo de seu neto com o carretel. A psicanalista Françoise Dolto, em seu texto de 1940, ‘Cura analítica com a ajuda da boneca-flor’ descreve o efeito clínico que a introdução de uma boneca em formato de flor teve em alguns de seus atendimentos. Carretel e boneca ganham, assim, destaque. Pretendemos refletir sobre o papel que os brinquedos têm na cena transferencial analítica.
A clínica psicanalítica com crianças acontece a partir da introdução de brinquedos na cena analítica. Melanie Klein, Sophie Morgenstern, Françoise Dolto, Donald Winnicott, cada um destes psicanalistas (e muitos outros) criaram um setting para trabalhar psicanaliticamente com as crianças e encontramos inevitavelmente, em todos estes diferentes enquadres, a oferta de materiais para brincar, seja caixa lúdica ou massinha ou papéis e material gráfico.
Migramos então de um enquadre que implica a oferta de falar o que se passa pela cabeça, em posição horizontal, sem o confronto visual com o analista, para uma situação em que materiais brincantes são ofertados e convida-se a criança a contar-se a partir de suas brincadeiras. O que é que formulamos a partir deste enquadre com crianças? E que efeitos isto tem na cena clínica, tal qual vivida pelo analista e pelo paciente?
Palavras-chave: brinquedo, transferência, enquadre, deslocamento.
|